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Maia: esperamos um ministro que seja 'de fato comprometido com a educação'

Do UOL, em São Paulo

18/06/2020 16h46

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse hoje em coletiva de imprensa, após a saída do economista Abraham Weintraub do Ministério da Educação, que espera que a pasta tenha um novo ministro "de fato comprometido com a educação".

"Espero que possa ficar melhor. Estava muito ruim o Ministério da Educação. Todo mundo sabe minha posição, não adianta ficar aqui reafirmando, não é isso que vai melhorar o diálogo. Esperamos que a gente possa ter no MEC alguém de fato comprometido com a educação e com o futuro das crianças", disse Maia.

Esta não foi a primeira crítica pública feita por Maia ao trabalho de Weintraub. Em maio, o presidente da Câmara disse que "é uma pena para o Brasil ter um ministro desqualificado" como o então titular da pasta.

Na ocasião, Maia declarou que um "homem com essa qualidade não poderia ser ministro de pasta nenhuma", após Weintraub afirmar, em reunião com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e outros ministros, que "botava esses vagabundos todos na cadeia, começando no STF [Supremo Tribunal Federal]".

A saída de Weintraub

Hoje, Weintraub anunciou sua saída do governo federal em vídeo postado nas redes sociais ao lado do presidente Bolsonaro. Ele afirmou ter recebido um convite para trabalhar no Banco Mundial.

Em pouco mais de um ano à frente do MEC (Ministério da Educação), o economista acumulou derrotas no Congresso Nacional.

Em fevereiro deste ano, a MP da ID Estudantil, que permitia a emissão de carteirinhas estudantis pelo governo, perdeu a validade sem nem sequer ter sido discutida pelos parlamentares. Os deputados se queixaram de falta de diálogo com o ministro.

A emissão das carteirinhas pelo governo aconteceu em ofensiva a entidades estudantis como a UNE (União Nacional dos Estudantes) e foi fortemente defendida por Weintraub.

Em mais uma derrota para o ministro, o MEC e o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) decidiram, em maio deste ano, adiar a aplicação do Enem devido à pandemia do novo coronavírus.

Apesar da crise sanitária e da suspensão das aulas presenciais, Weintraub vinha defendendo a manutenção das datas e associou os pedidos de adiamento à "esquerda". A decisão pelo adiamento do Enem deste ano aconteceu após um projeto de lei que previa o adiamento do exame ser aprovado em decisão quase unânime no Senado -o único contrário à medida foi o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).

Na semana passada, uma MP que dava a Weintraub o poder de escolher reitores de instituições federais de ensino durante a pandemia foi editada por Bolsonaro. A medida teve forte repercussão negativa e o presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), devolveu o texto ao Executivo. Bolsonaro então revogou a MP.

Nesta semana, Weintraub foi multado pelo governo do Distrito Federal por não usar máscara durante uma manifestação bolsonarista no último domingo (14).

Na segunda-feira (15), o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) pediu a prisão e o afastamento do então ministro no âmbito do inquérito que investiga fake news, ofensas e ameaças a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

Para piorar a situação do agora ex-ministro, no mesmo dia o próprio Bolsonaro fez uma crítica a Weintraub. Durante entrevista ao canal BandNews TV, o presidente disse que o então chefe do MEC "não foi muito prudnte" ao participar da manifestação no fim de semana.

Também na segunda, o STF formou maioria para manter Weintraub no inquérito das fake news, impondo nova derrota ao ministro. O julgamento foi concluído na quarta (17) com o placar de 9 a 1 contra o ex-ministro.