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'Brasil tem hoje o governo mais desmoralizado do planeta', diz Lula

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador do Maranhão Flávio Dino; "Brasil tem hoje o governo mais desmoralizado do planeta Terra", diz petista - Reprodução
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador do Maranhão Flávio Dino; 'Brasil tem hoje o governo mais desmoralizado do planeta Terra', diz petista Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

29/06/2020 11h58

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou hoje o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao dizer que o Brasil tem "o governo mais desmoralizado do planeta Terra" e que, caso ele não mude de comportamento na pandemia do novo coronavírus, "vamos nos arrastar até 2022 chorando a morte de milhares de companheiros que poderiam ser salvos".

Em live com o governador do Maranhão Flávio Dino (PCdoB), Lula avaliou que o governo federal deveria ter reunido governadores e especialistas para estabelecer uma estratégia contra a doença que já vitimou mais de 57 mil pessoas no país e elogiou o papel dos governantes estaduais na pandemia.

"O papel do governo não é fazer discurso ou fake news, é organizar a sociedade, como um maestro. O Bolsonaro não tem que gostar do Doria (governador de São Paulo), do Camilo (Santana, governador do Ceará), tem que governar o Brasil, e respeitar como quer ser respeitado", afirmou.

"Se tem uma lição que a gente aprendeu no coronavírus é que temos governadores humanos. O que vocês fizeram foi muito mais do que o governo federal fez. O Bolsonaro dá sinais de desespero para esse país, não sei como a gente vai aguentar isso até 2022. Espero que não seja necessário", criticou Lula.

O ex-presidente disse rezar para que a pandemia termine logo para que seja possível estabelecer estratégias com objetivo de recuperar a credibilidade e, consequentemente, os investimentos para o país.

"O Brasil tem hoje o governo mais desmoralizado do planeta Terra. Quem vai querer investir aqui? A gente precisa ter uma conversa muito séria sobre os rumos desse país", disse.

Lula ainda criticou a escolha dos nomes para ocupar os ministérios da Educação e da Saúde. Desde a saída de Nelson Teich, a Saúde é chefiada interinamente pelo general Eduardo Pazuello, que admitiu ser "leigo" em questões técnicas da área.

"(Luiz Henrique) Mandetta começou de um jeito e terminou de um jeito bom, terminou sendo admirador do SUS (Sistema Único de Saúde). Era visível que aquele outro ministro (Teich) não era médico, era formado em Oncologia e foi para o mercado (...) Saiu porque estava ficando ridículo e aí vem um general. Também dá de cara a ideia de que não entende de saúde (...) E levou mais generais para lá, não sei pra que, um desrespeito", desaprovou.

Escolhido na semana passada para chefiar o MEC, Carlos Alberto Decotelli da Silva não fez pós-doutorado entre 2015 e 2017 na Universidade de Wuppertal, na Alemanha, ao contrário do que consta em seu currículo Lattes, mostrou hoje o colunista do UOL Diogo Schelp.

"Tem tanta gente fantástica na educação nesse país, ele (Bolsonaro) vai buscar um cara que falsificou diploma. Trabalha contra a verdade, o bom senso", comentou Lula.

Críticas a Guedes

Lula ainda criticou o ministro da Economia, Paulo Guedes, dizendo que o modelo Pinochet (ditador chileno) está "gravado na cabeça dele e não sai". "(Guedes) é um cidadão com pensamento único (...) Acha que o Estado não vale nada", afirmou.

Ele defendeu ainda que o governo deveria colocar dinheiro à disposição dos microempreendores que, segundo ele, "vão quebrar" sem ajuda e disse que o povo pobre não pode ficar em casa, porque precisa ganhar "o pão de cada dia".

Na avaliação de Lula, os direitos trabalhistas conquistados estão sendo perdidos. "Venderam a ideia de que todo mundo é microempreendedor (...) O companheiro que está entregando pizza se roubarem a moto, a bicicleta, não tem como receber. Se ele se acidentar é mandado embora sem nenhum direito. Então ele não é microempeendedor, é quase um microescravo", afirmou.