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Pré-candidato a prefeito, Boulos diz que quer pobre morando no centro em SP

Do UOL, em São Paulo

21/07/2020 16h25

Guilherme Boulos, pré-candidato do PSOL à prefeitura de São Paulo, disse hoje que vai defender uma política que deixe a capital paulista "democrática" e permita moradia nas regiões centrais à população mais pobre.

Durante participação no UOL Entrevista, conduzida pela colunista Maria Carolina Trevisan, Boulos afirmou que é preciso combinar uma ação imediata de acolhimento e uma política de desapropriação de imóveis abandonados na região central de São Paulo.

Nós temos 25 mil moradores de rua em São Paulo e 40 mil imóveis abandonados só no centro expandido da cidade, em situação ilegal há 20, 30 anos que ajudam, inclusive, a criar uma situação de deterioração no centro.

Segundo ele, isso só não aconteceu até agora por falta de vontade política e especulação imobiliária. "É compromisso com a máfia de empreiteira e de fundo imobiliário que paga campanha eleitoral de prefeitos e vereadores e que quer ter o seu interesse garantido. E aí fazem vista grossa para a lei."

Ele disse também que fará parte de seu programa de governo a valorização da economia na periferia da cidade, mas que reduzir as distâncias entre os trabalhadores e seus empregos é fundamental para eliminar problemas com transporte em São Paulo.

"Nós queremos pobre morando no Centro e vamos construir uma cidade democrática. A lógica 'pobre mora na periferia e emprego está concentrado no Centro' é que produz essas grandes distâncias, essas grandes viagens. Se a pessoa puder morar perto do trabalho, você não vai ter 2h num ônibus superlotado", disse Boulos.

O pré-candidato do PSOL disse ainda que, morando na região central, os trabalhadores poderão se deslocar por outros meios, como bicicleta, ou mesmo a pé.

"Claro que nem todo mundo vai morar no centro, a periferia vai continuar existindo. Então outro caminho é valorizar a economia da periferia. Um dos grandes gargalos de São Paulo é ter uma rede pífia para o tamanho da cidade de transporte sobre trilho. No mundo todo, pega a rede metrô de Buenos Aires, Santiago, cidades muito menos populosas que São Paulo, com uma rede metroviária muito maior", afirmou.

Boulos criticou também a opção de governos anteriores do PSDB ao construir trechos de monotrilho para ligar a periferia ao centro. "Tentaram tapar esse buraco com monotrilho, que não é um modal de transporte em massa, é para deslocamentos menores e menos massivos. Aí deu problema. O monotrilho da zona leste, Cidade Tiradentes, ficou parado meses por causa de um acidente", disse.

Com relação aos ônibus, o pré-candidato do PSOL defendeu a expansão dos corredores pela cidade, além da viabilização de uma "tarifa zero". "Transporte é direito, uma bandeira histórica da esquerda que Luiza Erundina teve a coragem de mandar para a Câmara Municipal", disse Boulos, em referência à ex-prefeita, que governou São Paulo entre 1989 e 1992 pelo PT, e atualmente é pré-candidata a vice na chapa do PSOL.