Topo

Esse conteúdo é antigo

'O senhor não vai afrontar a democracia', diz Doria sobre Bolsonaro

Governador João Doria (PSDB) durante entrevista coletiva - ROGÉRIO GALASSE/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Governador João Doria (PSDB) durante entrevista coletiva Imagem: ROGÉRIO GALASSE/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Lucas Borges Teixeira e Patrick Mesquita

Do UOL, em São Paulo

24/08/2020 13h02

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), criticou a ameaça feita ontem pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a um repórter do jornal O Globo. Durante entrevista coletiva concedida hoje no Palácio dos Bandeirantes, o político tucano disse que o chefe do Executivo não vai "afrontar a democracia".

"Presidente, como governador de São Paulo, tenho a obrigação de dizer, como filho de um deputado cassado pela ditadura, que nem o senhor e nem ninguém vai afrontar a democracia do Brasil, vai amedrontar e emparedar jornalistas e veículos de comunicação sérios do nosso país. A democracia, presidente Bolsonaro, é mais forte que o senhor, já resistiu a outras ameaças e vai resistir a você também", disse.

A secretária de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen, fez coro às críticas de Doria. "O verdadeiro líder precisa dar o exemplo. Incitar agressão definitivamente não é o exemplo", declarou.

Ao ser questionado sobre os depósitos feitos pelo ex-assessor Fabrício Queiroz na conta bancária da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, o presidente afirmou ontem a um jornalista que teria vontade de "encher tua boca com uma porrada".Sem responder à pergunta, Bolsonaro emendou: "Seu safado".

A pergunta do repórter refere-se a uma reportagem da revista Crusoé, que revelou, neste mês, que Queiroz fez outros depósitos em cheque na conta de Michelle. Ao todo, o ex-assessor Queiroz e a mulher dele, Márcia Aguiar, repassaram R$ 89 mil para a conta de Michelle Bolsonaro entre 2011 e 2016 — antes portanto de o marido assumir a Presidência da República.

O jornal O Globo repudiou a atitude do presidente e afirmou que "tal intimidação mostra que Jair Bolsonaro desconsidera o dever de qualquer servidor público, não importa o cargo, de prestar contas à população". Entidades jornalísticas e políticos da oposição também criticaram a postura do presidente da República.