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Senador diz que vai denunciar Bolsonaro na OEA por ataque a jornalista

Do UOL, em São Paulo

24/08/2020 09h03Atualizada em 24/08/2020 10h12

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que vai denunciar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos).

"Superamos a ditadura, somos uma democracia e Bolsonaro tem que respeitar os direitos adquiridos", escreveu Randolfe no Twitter.

A intenção é que a organização possa acompanhar "a violência contra a liberdade de imprensa no Brasil", completou o senador.

A afirmação ocorre um dia depois de o presidente intimidar um repórter do jornal O Globo, afirmando que sua "vontade" era "encher tua boca com uma porrada".

Bolsonaro visitava a Catedral de Brasília quando foi questionado sobre os depósitos feitos pelo policial militar aposentado e ex-assessor Fabrício Queiroz na conta bancária da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Em resposta, fez a ameaça ao jornalista. Outros repórteres, então, tornaram a fazer a pergunta ao presidente, e ele não respondeu.

O jornal O Globo repudiou a atitude do presidente da república e disse que ele "desconsidera o dever de qualquer servidor público, não importa o cargo, de prestar contas à população".

Não é a primeira vez

Jair Bolsonaro já foi alvo de denúncias e cobranças de postura na OEA. Ainda em 2019, ele insinuou que o jornalista Glenn Greenwald era "malandro" por casar com um homem e ter uma família brasileira. "Talvez pegue uma cana aqui no Brasil, não vai pegar lá fora não", disse o presidente.

A fala chamou a atenção do relator especial para a liberdade de expressão da OEA, que definiu o comportamento semelhante à censura promovida por Hugo Chávez na Venezuela.

Já no mês de março de 2020, o governo foi denunciado por violações contra a liberdade de expressão, ataques à imprensa e censura às liberdades artística e cultural.

A delegação que representava o Executivo disse que o comportamento de Bolsonaro fazia parte da democracia.

Em maio, ele foi denunciado na mesma Comissão Internacional de Direitos Humanos por violações durante a pandemia de coronavírus e pelo desmatamento na Amazônia.

Ainda em agosto, Bolsonaro teve outra denúncia com o mesmo teor feita pelo PV (Partido Verde), pelo que considerou como descaso do presidente na atuação para salvar vidas.

A organização também cobrou que o governo tomasse maiores medidas para conter a proliferação da doença nos presídios brasileiros.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.