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'Enganou todo o Brasil', diz Damares Alves sobre Flordelis

Do UOL, em São Paulo

27/08/2020 20h34

A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, afirmou hoje que a deputada federal Flordelis (PSD-RJ), suspeita de envolvimento no assassinato do marido, Anderson do Carmo, enganou o Brasil inteiro e não apenas os evangélicos.

"Eu conheci a Flordelis em 2013. Eu, assim como milhões de brasileiros, fomos ao cinema ver o filme dela. A história que ela contava para o Brasil —e contou para nós— era linda de adoção. Me apaixonei por aquela história. Quando foi eleita deputada, me procurou como ministra. A minha ligação com ela era a pauta da adoção", afirmou Damares, ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em transmissão realizada nas redes sociais.

"Estou triste, temos que aguardar o resultado final, mas me parece que o relatório da polícia é robusto. [Estou] indignada de ter usado a fé, usado os irmãos, igreja. Ela enganou todo o Brasil, não só o segmento evangélico, enganou a nação inteira. Estou muito triste com isso. Só queria que a pauta da adoção não fosse afetada por essa história absurda", completou.

A deputada Flordelis foi denunciada pelo MP-RJ e pela Polícia Civil na segunda-feira (24) como a mandante do assassinato do marido. Por ter imunidade parlamentar, ela não foi presa preventivamente.

Outras dez pessoas foram denunciadas e presas no mesmo dia. A polícia apura se outros filhos de Flordelis, além dos já denunciados, estavam no crime. A deputada tem 55 filhos, entre adotados e biológicos.

De acordo com o delegado Allan Duarte, a primeira fase da investigação identificou Flávio dos Santos Rodrigues, filho biológico da deputada, como executor do crime e Lucas César dos Santos, filho adotivo do casal, como a pessoa que comprou a arma utilizada no assassinato.

Segundo a investigação, Flordelis planejou o homicídio e foi responsável por arregimentar e convencer o executor direto e demais acusados a participarem do crime sob a simulação de ter ocorrido um latrocínio.

A deputada também financiou a compra da arma e avisou da chegada da vítima no local em que foi executada, segundo a denúncia.

O motivo do crime seria o fato de a vítima manter rigoroso controle das finanças familiares e administrar os conflitos de forma rígida, não permitindo tratamento privilegiado das pessoas mais próximas a Flordelis em detrimento de outros membros da família.

O que diz a defesa

Desde o começo das investigações, Flordelis negou participação no crime. O advogado Maurício Mayr disse acreditar na inocência dela no caso.

"A deputada desde o início desse segundo inquérito foi tratada como testemunha, vindo a ser indiciada agora no final e denunciada. Ela figurava como testemunha na ocasião e não atrapalhou as investigações", afirmou no dia da denúncia.

Já o advogado dos cinco irmãos presos e da neta, Luiz Felipe Alves, disse que a decisão foi genérica e não considerou a "individualização quanto à real e efetiva necessidade de prisão cautelar para cada um dos acusados".