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"Em time que está ganhando não se mexe", diz novo coordenador da Lava Jato

O procurador da República Alessandro de Oliveira em programa da Assembleia Legislativa do PR - Pedro de Oliveira/Alep
O procurador da República Alessandro de Oliveira em programa da Assembleia Legislativa do PR Imagem: Pedro de Oliveira/Alep

Do UOL, em São Paulo

01/09/2020 19h54

O procurador da República Alessandro José Fernandes de Oliveira, novo coordenador da Lava Jato em Curitiba, substituto de Deltan Dallagnol, disse que a sua ideia inicial é "manter o máximo possível" e fazer apenas ajustes pontuais à frente da Operação. Dallagnol anunciou hoje que deixará a coordenação da força-tarefa no estado para cuidar da saúde da filha.

"A ideia inicial é manter o máximo possível. Permita-me até usar um jargão popular: 'em time que está ganhando não se mexe'. A gente tem uma visão muito positiva dos trabalhos até hoje realizados. Nenhuma instituição, nenhuma pessoa é perfeita. Eventuais rumos a serem corrigidos serão debatidos. Mas, de maneira gera, reafirmo isso, a visão que temos sobre os trabalhos realizados até hoje é bastante positiva", disse ele, durante entrevista à CNN Brasil.

Questionado se acredita que a Lava Jato está ameaçada, Oliveira respondeu. "É difícil imaginar [que a Lava Jato esteja ameaçada], porque eu procuro ter uma visão bastante técnica do assunto. Há um processo natural de (inaudível) das instituições e dos processos. Não há dúvida que, antes de 2013, dificilmente alguém imaginar um avanço no combate à corrução que foi apresentado com o movimento da Lava Jato. Esse processo de mudança gera reação em outras instituições. Alguns favoráveis, outros desfavoráveis. E nesses processos, as instituições vão se aprimorando", afirmou o novo coordenador, que chegou a ser interrompido pelo filho, Eduardo, durante a entrevista.

Ex-oficial da PM (Polícia Militar) e membro do MPF (Ministério Público Federal) desde 2004, Oliveira já atua em processos da operação desde 2018.

O procurador, que já é do quadro do MPF-PR (Ministério Público Federal do Paraná), atualmente colabora com a PGR (Procuradoria-Geral da República) em ações da Lava Jato que tramitam pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) e STF (Supremo Tribunal Federal). De Curitiba, ele trabalha em casos que envolvam investigados com foro privilegiado, como políticos.

Na PGR, aliás, Oliveira responde diretamente a subprocuradora Lindôra de Araújo, a qual foi alvo de uma queixa de Lava Jato de Curitiba pois supostamente teria tentado acessar documentos confidenciais da operação sem autorização da Justiça. A queixa contra Lindôra expôs publicamente uma crise existente entre a força-tarefa e a cúpula PGR, comandada por Augusto Aras.

Depois que essa queixa foi formalizada na Corregedoria do MPF, três dos cinco comandados por Lindôra pediram demissão. Oliveira não. Agora, ele será desligado da equipe da Lava Jato na PGR justamente para assumir a responsabilidade sobre os casos da operação no Paraná.

Segundo o MPF-PR, o procurador tem "reconhecida experiência no combate ao crime organizado, corrupção e lavagem de dinheiro".