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Câmara do Rio autoriza abertura de CPI dos 'Guardiões do Crivella'

Decisão vem um dia depois de a Câmara rejeitar a admissibilidade do impeachment de Crivella - Saulo Angelo/Futura Press/Estadão Conteúdo
Decisão vem um dia depois de a Câmara rejeitar a admissibilidade do impeachment de Crivella Imagem: Saulo Angelo/Futura Press/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

04/09/2020 10h08Atualizada em 04/09/2020 10h25

O presidente da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, vereador Jorge Felippe (DEM-RJ), autorizou hoje a abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o caso dos "Guardiões do Crivella", servidores da prefeitura que atuavam na porta de hospitais para atrapalhar o trabalho da imprensa e impedir que a população denunciasse problemas na saúde.

A autorização para a abertura da CPI vem um dia depois de a Câmara do Rio rejeitar a admissibilidade do impeachment contra o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos). O placar foi apertado: 25 vereadores votaram contra a aceitação do processo e 23, a favor. Houve ainda duas abstenções.

Na avaliação de Felippe, a criação da CPI preenche todos os requisitos previstos pelo regimento da Casa, a saber:

  • Possui fato determinado concreto;
  • O assunto é referente à competência municipal;
  • Contém o apoio mínimo de um terço dos vereadores.

O requerimento foi apresentado na última terça-feira (1º) e é assinado por 14 vereadores, com o apoio de outros quatro. Os parlamentares argumentam que "os fatos amplamente divulgados pela imprensa [...] em tese representam grave violação legal e aos princípios constitucionais que regem a Administração Pública" — impessoalidade, moralidade, transparência e legalidade administrativa.

O caso foi revelado nesta semana pelo "RJ2", da TV Globo. Investigada em diferentes frentes, a ação seria coordenada por meio de grupos em aplicativos de mensagens — o maior deles batizado de "Guardiões do Crivella".

Impeachment não vingou

Com a rejeição à admissibilidade do impeachment de Crivella, a denúncia foi arquivada após cerca de quatro horas de discussões, que contaram com participações presenciais e remotas por conta da pandemia de covid-19.

Em sua maioria, os vereadores da base do prefeito argumentaram que o mandato está em sua reta final e que admitir a abertura de um processo de impeachment poderia "tumultuar" a disputa à prefeitura do Rio, à qual Crivella é candidato à reeleição.

O vereador Marcelo Siciliano (PP) foi um dos poucos que disse acreditar que o prefeito não tinha responsabilidade sobre as atitudes dos seus "guardiões". "Não podemos culpar uma pessoa pelos atos de terceiros, nós nem sequer temos a certeza da ingerência do prefeito nesse esquema. Não podemos ser levianos", afirmou.

A fala dele foi contestada pelo vereador Brizola Neto (PSOL): "[Os guardiões] São jagunços do prefeito pagos com dinheiro público. Em nome da democracia, precisamos afastar o bispo Crivella da Prefeitura já, agora".

Acirrado, o placar de 25 a 23 foi suficiente para barrar o processo.