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Presidente da OAB ataca operação da Lava Jato: 'Criminoso é o delator'

Felipe Santa Cruz, atual presidente nacional da OAB, se posicionou contra a operação - Fernando Moraes/UOL
Felipe Santa Cruz, atual presidente nacional da OAB, se posicionou contra a operação Imagem: Fernando Moraes/UOL

Do UOL, em São Paulo

09/09/2020 11h57

O presidente nacional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Felipe Santa Cruz, atacou nas redes sociais a operação deflagrada hoje pela Lava Jato, que teve como alvo escritórios de advocacia e denunciou os advogados Cristiano Zanin e Roberto Teixeira, que defendem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por suspeita de liderar esquema de fraudes no sistema S e na Fecomercio fluminenses. O advogado Frederick Wassef, que já defendeu o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seu filho Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), também foi alvo de busca e apreensão.

Um documento ao qual a CNN Brasil teve acesso e noticiou ontem atesta que a delação premiada de Orlando Diniz, ex-presidente da Fecomércio do Rio de Janeiro, envolveu Felipe Santa Cruz.

"Quase todos os advogados importantes do meu estado participaram de uma organização criminosa? Criminoso é o delator, não os advogados! Pensam que vão nos intimidar. Não nos conhecem", afirmou ele, no Twitter. Orlando Santos Diniz, apontado como chefe do esquema, fez delação premiada admitindo a participação.

De acordo com Diniz, em 2014 Santa Cruz pediu dinheiro "em espécie" para sua campanha à reeleição da OAB do Rio. Diniz não tinha os recursos, então os dois elaboraram um contrato de fachada no valor de R$ 120 mil entre a Fecomércio e Anderson Prezia, um indicado de Santa Cruz.

A operação

O MPF (Ministério Público Federal), a PF (Polícia Federal) e a Receita Federal cumprem hoje 50 mandados de busca e apreensão sobre o esquema. As buscas são feitas em escritórios de advocacia, endereços pessoais e ainda de empresas envolvidas nas fraudes, que ocorreram de 2012 a 2018 e desviram pelo menos R$ 151 milhões, segundo as investigações.

Ao todo, a Lava Jato denunciou 26 pessoas ligadas a escritórios de advocacia por organização criminosa, estelionato, corrupção (ativa e passiva), peculato, tráfico de influência e exploração de prestígio. Além de Zanin e Teixeira, também estão incluídos na denúncia o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (MDB), que está preso, e a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo. Wassef não foi citado na denúncia, mas está entre os alvos de mandados de busca e apreensão.

De acordo com o MP, o esquema era liderado por Orlando Santos Diniz, ex-gestor das entidades e que denunciou o esquema em delação premiada. Ele também foi denunciado.

Segundo a Lava Jato, Diniz foi "persuadido pelos integrantes da organização criminosa no sentido de que novos contratos (e honorários) eram necessários para ter facilidades em processos em curso no Conselho Fiscal do Sesc Nacional, no TCU (Tribunal de Contas da União) e no Judiciário".

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que foi informado na primeira versão do texto, OAB significa Ordem dos Advogados do Brasil, e não Organização dos Advogados do Brasil. O erro foi corrigido.