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Impeachment: ex-aliados de Witzel do PSL abrem sessão com ataques

23.set.2020 - O deputado Rodrigo Amorim (PSL), ex-aliado de Witzel - Julia Passos/ Alerj
23.set.2020 - O deputado Rodrigo Amorim (PSL), ex-aliado de Witzel Imagem: Julia Passos/ Alerj

Gabriel Sabóia, Igor Mello e Lucas Borges Teixeira

Do UOL, no Rio e em São Paulo

23/09/2020 16h44

A sessão da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) em que é esperada a votação do relatório de impeachment contra Wilson Witzel (PSC-RJ) começou na tarde de hoje com ataques de ex-aliados do governador afastado. Maior bancada da Casa, os deputados do PSL abriram os discursos dos parlamentares na tribuna do plenário.

"Nós vencemos a eleição em 2018 e iniciávamos ali algo sonhador, utópico. Ali se iniciava um processo de mudança que poderia mudar os rumos do Rio", afirmou Rodrigo Amorim. "Mas, tudo que construímos nesse ideário conservador acabou se dissipando, se dissolvendo", disse ele, que procurou se descolar da imagem de Witzel.

Amorim relembrou que tem relação pessoal com Witzel, fruto da amizade de seus filhos, e chegou a elogiar a atual política de segurança pública, mas disse que não poderá "se esquivar" do processo de investigação. Durante a campanha eleitoral, Amorim protagonizou vídeo em que, ao lado de Witzel, exibe uma placa em homenagem à vereadora assassinada Marielle Franco quebrada.

Alana Passos (PSL), a primeira deputada a subir a tribuna, afirmou que Witzel é um "fanfarrão que quer fazer firula" e que ficou "tão pouco tempo no seu cargo e já fez tantas vergonhas".

"O amor acabou. Estamos falando de vidas, hoje tem várias famílias que choram e padecem pela vida de um ente querido que não terá volta", declarou a deputada.

Filippe Poubel (PSL) manteve o tom agressivo. Segundo ele, o governador afastado transformou "a capital mundial do turismo na capital mundial da ladroagem e da roubalheira".

Os parlamentares do PSL começaram a legislatura na base do governo Witzel, mas com o rompimento de Jair Bolsonaro (sem partido) com o partido, pelo qual se elegeu presidente da República, a bancada sofreu uma cisão.

Após a ruptura de Witzel e Bolsonaro, no ano passado, parte dos deputados do PSL abandonaram o governador. Não é o caso de Rodrigo Amorim que permaneceu até este ano fiel a Witzel. "Sempre tive a independência para votar de acordo com as minhas convicções", reforçou no discurso de hoje.

Votação do relatório de impeachment

Os deputados votarão a aprovação ou rejeição de relatório que aponta supostas irregularidades cometidas por Witzel e dá parecer favorável ao prosseguimento do rito do impeachment. Sua aprovação também leva a uma nova ordem de afastamento do governador de 180 dias.

Se ao menos 47 dos 70 deputados (dois terços do total de parlamentares da Casa) aprovarem o relatório, o documento será encaminhado ao TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro), onde um tribunal misto —formado por cinco desembargadores e cinco deputados— decidirá ou não pelo impeachment.

Ao UOL, parlamentares fluminenses afirmam que a tendência é de que Witzel sofra mais uma "goleada do plenário".