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De prisões a afastamento: a cronologia da crise de Wilson Witzel no Rio

28/08/2020 - Wilson Witzel (PSC) faz pronunciamento após ser afastado do cargo de governador do Rio Imagem: Wilton Júnior/Estadão Conteúdo

Gabriel Sabóia

Do UOL, no Rio

23/09/2020 04h00Atualizada em 23/09/2020 22h16

Eleito há menos de dois anos, Wilson Witzel (PSC) —que já se encontra afastado do governo do Rio por 180 dias por determinação do STJ (Superior Tribuna de Justiça)— acumulará nova ordem de afastamento após a votação de hoje da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) que admitiu o processo de impeachment contra ele. Agora, um tribunal misto —composto por desembargadores e deputados— definirá durante 180 dias se o mandato de Witzel será cassado ou não.

Da ascensão meteórica nas pesquisas eleitorais em 2018 ao iminente "duplo afastamento", Witzel passou por brigas públicas com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e viu o governo ruir com a prisão de membros do primeiro escalão do seu secretariado sob suspeita de fraudes de contratos emergenciais para o combate à pandemia do coronavírus. Veja a seguir a cronologia da crise.

Desgastes com clã Bolsonaro e Legislativo

Ao longo do primeiro ano à frente do governo, Witzel se desgastou com aquelas que prometiam ser suas principais bases de sustentação no cargo: a família do presidente Bolsonaro —a quem declarou afinidade política para ser eleito— e com o plenário da Alerj, com o qual chegou a manter bom trato.

Com poucos meses à frente do Palácio Guanabara, o ex-juiz federal declarou a vontade de candidatar à presidência da República em 2022 e teceu críticas diretas a Bolsonaro. As declarações soaram como "traição" e culminaram em rompimento antes do fim de 2019.

Em paralelo a isso, ainda no primeiro ano de governo, Witzel perdia apoios preciosos na Alerj. Apesar de ter sido eleito com um discurso antiesquerdista, ele se aliou ao presidente da Casa, André Ceciliano (PT), em uma dobradinha impensável, logo no início do governo.

A parceria com o petista, aliada ao bom trânsito junto à bancada do PSL, formada por 12 parlamentares, deu a ele facilidade para aprovar projetos do seu interesse.

No entanto, a inabilidade política e os plenos poderes dados ao então secretário de Desenvolvimento Econômico, Lucas Tristão, fizeram com que a sua base se dissolvesse.

Escolhido por Witzel para fazer a interlocução entre o governo e o plenário fluminense, Tristão foi apontado por deputados como autor de intimidações e o principal responsável por produzir supostos dossiês contra 70 parlamentares com base em escutas telefônicas ilegais.

Pandemia, investigações e prisões

Com o início da pandemia, Witzel assumiu protagonismo nas ações de combate à covid-19, ao lado de outros governadores, e se apresentou como contraponto à política de Bolsonaro.

Oito dias depois, o governador publicou o primeiro decreto estadual com medidas restritivas e ainda naquele mês anunciou a construção de oito hospitais de campanha para atender os pacientes com covid-19 —desses, apenas dois foram abertos e hoje nenhum deles está ativo.

E foram justamente compras feitas sem licitação para a área de saúde em função da emergência provocada pelo coronavírus que geraram o desgaste que hoje se traduz no afastamento do governador.

Em um só mês, Witzel viu a prisão do então subsecretário de Saúde Gabriell Neves e do empresário Mário Peixoto —um dos principais prestadores de serviço do governo que teria como sócio oculto Lucas Tristão. Diante das denúncias, Witzel exonerou o então secretário de Saúde Edmar Santos.

Documentos apreendidos na operação que prendeu Peixoto mostravam o vínculo entre o escritório de Helena e Alessandro de Araújo Duarte, suspeito de trabalhar como operador de Mário Peixoto.

Afastamento e processo de impeachment

Sem base de apoio e alvo de operações, Witzel viu um processo de impeachment ser aberto contra ele por unanimidade, em junho. Os 69 deputados presentes à sessão foram favoráveis às investigações contra o governador.

Em resposta, ele disse que comprovaria a sua inocência, enquanto a sua defesa percorreu caminhos jurídicos para tentar embarreirar o processo.

Mas, em julho, Edmar Santos foi preso por suspeita de participar de fraudes em compras para o combate à pandemia —até então, o governador dizia acreditar na sua inocência.

Poucos mais de um mês depois, o STJ afastou Witzel do cargo por suspeita de participar do esquema de corrupção. Em pronunciamento já feito como governador afastado, Witzel reiterou a sua inocência e afirmou que o afastamento era político.

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