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Governador do Rio ameaça processar ex-secretário que o acusou de propina

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

28/09/2020 08h33

O governador em exercício do Rio, Cláudio Castro, disse em entrevista à TV Globo, que deve processar Edmar Santos, ex-secretário de Saúde do Rio, após ele afirmar em delação premiada que Castro participava de desvios na área da Saúde.

Em depoimento, Santos explicou que o presidente da Assembleia Legislativa do Rio, André Ceciliano (PR-RJ), deixou claro que parte dos R$ 100 milhões doados pelo Legislativo para o combate ao coronavírus seria desviada através de um esquema de transferência de valores a prefeituras do interior, sob a influência de deputadas da casa.

A denúncia foi publicada pelo jornal O Globo que revelou que o montante desviado seria dividido com o então vice-governador, Cláudio Castro, que substituiu Wilson Witzel no cargo, e com o ex-secretário estadual da Casa Civil André Moura (PSC), que hoje atua no escritório de representação do estado em Brasília. Questionado sobre a denúncia, Castro negou irregularidades.

"Primeiro lugar que isso está em segredo de Justiça, na hora eu que for citado, eu vou falar nos autos (...) Se ele realmente fez isso, ele será tranquilamente processado", afirmou o governador, em entrevista ao Bom Dia Rio.

O Ministério Público do Rio (MP-RJ) também investiga Cláudio Castro por suspeita de receber propina de R$ 100 mil de uma empresa que tinha contratos milionários com o governo. Ele nega as acusações.

Imagens e documento obtidos pela TV mostram Claudio Castro, ainda como vice-governador, em um encontro em um shopping da Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio, onde ele teria recebido o montante.

Os investigadores analisaram câmeras de segurança do local onde funciona a empresa Servlog Rio, que segundo o Ministério Público pagava propina por contratos com a Fundação Leão 13, do governo do estado, para atendimento oftalmológico e distribuição de óculos para a população de baixa renda.

A suspeita de corrupção no contrato fez o MP fazer uma operação que ganhou o nome de "Catarata". Imagens obtidas mostram Castro chegando no local com uma mochila. Não se tratava de um evento público e a visita não constava na agenda oficial. Ele e o empresário Flávio Chadud, dono da Servlog Rio, aparecem no elevador em direção à sede da empresa.

No dia seguinte do encontro, Flávio Chadud foi preso. Além dele também foi detido Bruno Campos Salem, administrador da Servlog e braço-direito de Chadud que calculou que Castro tenha recebido R$ 100 mil em espécie, pois constatou que esse era o valor aproximado que faltava no cofre da empresa após a reunião entre o empresário e o governador em exercício.

À Globo, Claudio Castro disse que entrar com uma mochila em um prédio não é crime e que jamais encontrou o delator no escritório da Servilog. Ele também afirmou que não foi investigado pela operação Catarata e negou que tenha recebido qualquer tipo de propina.

A defesa de Flávio Chadud negou as acusações e declarou que ele não teve chances de se explicar e disse que o delator tratou as imagens e deu a definição que quis.

Governador aguarda parecer para retorno das aulas

Na mesma entrevista concedida ontem, Castro afirmou que aguarda análise técnica da Secretaria de Saúde para definir o retorno das aulas no estado.

"De ontem (sábado) até quarta, ele [secretário de saúde] ficou de fazer uma análise das condições sanitárias, tendo condições: volta. Não tendo, a gente espera. Estou esperando a resposta técnica da secretaria", disse.

Outro ponto abordado na entrevista foi o decreto concedido na última quarta-feira (23) que permitia a presença do público nos estádio com 30% da capacidade. No fim de semana, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) vetou o retorno dos torcedores.

"Quem cumprir os protocolos e estiver nas bandeiras corretas, o equipamento está liberado. Se vai ter jogo ou não é responsabilidade da federação e dos clubes", avaliou o governador.