Trevisan: Indicação de Kassio foi manobra inteligente, apesar de reações

A indicação do desembargador Kassio Nunes Marques ao STF (Supremo Tribunal Federal), pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), foi uma "manobra inteligente apesar da revolta que criou", afirmou a colunista do UOL Carolina Trevisan no podcast Baixo Clero #60, apresentado ao lado de Diogo Schelp e Carla Araújo. "É uma revolta que chama a atenção porque mostra que Bolsonaro não tem credibilidade nem entre os seus."

"Primeiro há um papel do [Luiz] Fux [presidente do STF], querendo impor à sua presidência uma de susas marcas, que é ser um ministro lava-jatista. Por outro lado, temos um presidente dizendo que a Lava Jato acabou. Nesse imbróglio, o presidente chama Kassio, que surpreendeu seus apoiadores por adotar uma postura garantista", explica. (Ouça a partir do minuto 28:30)

Isso, segundo Trevisan, se mostra importante para o desenrolar de questões como os inquéritos que envolvem os filhos do presidente, bem como a suspeição do ex-ministro Sergio Moro.

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"O Supremo precisa de pessoas competentes que tenham capacidade de julgar com frieza, e que não seja acometido pela opinião pública, que é o que se espera de um juiz da Corte", disse Trevisan. (Ouça a partir do minuto 30:44)

Diego Schelp, colunista do UOL, ainda alerta para o fato de que a indicação não é garantia de que um ministro do STF vá tomar decisões de acordo com o presidente que o escolheu. "Se o presidente espera que o Kassio seja esse ministro, mesmo que ele tome cerveja com esse ministro, vai ter um limite jurídico que se impõe. Mesmo um ministro amigo ás vezes não tem opção a não ser votar contra os interesses do presidente que o indicou", completa. (Ouça a partir do minuto 31:20)

O podcast também falou sobre a reportagem divulgada ontem, 9, pela Folha de S. Paulo que mostrou que o presidente Jair Bolsonaro fez uma doação irregular para a campanha de seu filho Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ). Na tarde desta quinta-feira, o presidente disse ter acabado com a Operação Lava Jato, já que, segundo ele: "não existe mais corrupção no governo".

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