Bolsonaro sobre ex-vice líder do governo: 'Não tem a ver com meu governo'
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse, na noite de hoje, que o senador Chico Rodrigues (DEM-RR), pego com uma grande quantia de dinheiro vivo na cueca ontem em Roraima, "gozava de prestígio e carinho de quase todos". Entretanto, Bolsonaro tentou desvincular Rodrigues do seu governo, embora o senador ocupasse o cargo de vice-líder do governo no Senado.
"Qualquer coisa que acontece, alguns de má-fé culpam o meu governo. Por exemplo, tivemos um problema agora em Roraima, em uma ação da Polícia Federal", iniciou Bolsonaro, durante live semanal realizada nas redes sociais.
"Alguns querem dizer que o caso de Roraima é do meu governo, porque o senador é meu vice-líder. Temos 18 vice-líderes no Congresso, 15 na Câmara, indicados pelos líderes dos partidos, e três no Senado. Esse Senador de Roraima gozava do prestígio, do carinho de quase todos. Nunca vi ninguém falar nada contra ele. Lamento o caso ocorrido. Ele foi afastado da vice-liderança. Agora querem vincular com o governo não tem nada a ver", acrescentou em seguida.
Ontem, Rodrigues foi flagrado com mais de R$ 30 mil na cueca em sua casa em Boa Vista, quando a Polícia Federal cumpria um mandado de busca e apreensão por suspeita de desvios de recursos públicos de emendas parlamentares destinadas ao combate à pandemia de covid-19. Oficialmente, a saída de Chico Rodrigues da vice-liderança se deu "a pedido", ou seja, ele não foi destituído do cargo de confiança, mas sim saiu por conta própria
Na live, Bolsonaro criticou a aqueles que, segundo ele, tentam vinculá-lo ao caso do senador e agora ex-vice-líder de seu governo.
"É o tempo todo tentando me vincular à corrupção. Pode ocorrer corrupção no meu governo? Pode. Vamos tomar providências. Esse caso não tem a ver com meu governo. Meu governo são ministros, estatais e bancos oficiais. Mas o que dói é você trabalhar igual a um desgraçado e alguns idiotas te acusarem de corrupção", afirmou.
Volume retangular
Em descrição que teria sido feita pela PF e que embasou a decisão de Barroso, os agentes que participaram da apreensão do dinheiro disseram que o senador foi flagrado com o dinheiro porque apresentava "um grande volume, em formato retangular, na parte traseira das vestes".
Segundo relato do delegado Wedson Cajé Lopes, que participou da ação, o senador pediu para ir ao banheiro, provavelmente para tentar se livrar da quantia em dinheiro. Wedson então acompanhou Rodrigues no banheiro e percebeu o volume na roupa do senador, que vestia um short azul do tipo pijama e uma camisa amarela.
Nessa primeira apreensão, foram encontrados R$ 15 mil e os policiais perceberam que o dinheiro na cueca de Rodrigues só apareceu enquanto eles faziam buscas no quarto do seu filho, o que leva a entender que a intenção do senador era ocultar os valores ao pedir para ir ao banheiro.
Senador irritado
A PF relatou que a segunda apreensão aconteceu já com o senador irritado.
"Ao ser indagado pela terceira vez, com bastante raiva, o senador Chico Rodrigues enfiou a mão em sua cueca, e sacou outros maços de dinheiro, que totalizaram a quantia de R$ 17.900", diz o relato que consta na decisão de Barroso.
Mesmo após o episódio, os agentes fizeram uma nova busca pessoal para encontrar mais R$ 250, que totalizaram os mais de R$ 33 mil apreendidos.
A PF filmou as ações e o vídeo da segunda apreensão terá que ser mantido em cofre por determinação de Barroso porque "exibe demasiadamente a intimidade do investigado ", diz a decisão. O ministro do STF afirmou que o vídeo causaria a "desnecessária humilhação pública" do senador.
'Vou provar minha inocência', diz senador
O senador Chico Rodrigues comunicou hoje sua saída da vaga de vice-líder do governo Bolsonaro no Senado. De acordo com Rodrigues, a decisão foi tomada para esclarecer os fatos. "Vou cuidar da minha defesa, e provar minha inocência", afirmou, em nota.
Rodrigues disse ainda que está confiante na Justiça e que logo tudo será esclarecido. "Volto a dizer, ao longo dos meus 30 anos de vida pública, tenho dedicado minha vida ao povo de Roraima e do Brasil, e seguirei firme."
Dispensa da vice-liderança do governo "a pedido"
Por volta das 12h20, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) solicitou a dispensa do Chico Rodrigues da função de vice-líder do governo no Senado. A saída acontece "em atenção ao pedido" de Rodrigues, segundo mensagem direcionada ao Senado publicada em edição extra do Diário Oficial da União.
A permanência de Chico Rodrigues como vice-líder do governo era vista como insustentável. A expectativa era de que, se não pedisse para sair, seria retirado da função para não prejudicar mais ainda a imagem do governo.
Ele era um dos três vice-líderes do governo no Senado, os outros são Eduardo Gomes (MDB-TO) e Elmano Férrer (PP-PI).
Partido diz acompanhar caso de perto
Ao UOL, a Direção Nacional do Democratas, partido do qual Rodrigues é filiado, disse acompanhar o caso de perto e que, havendo a comprovação de atos ilícitos, aplicará as sanções.
"A Direção Nacional do Democratas determinou que o seu Departamento Jurídico acompanhe de perto todo os desdobramentos do inquérito que resultou, na última quarta-feira (14), em busca e apreensão no endereço do Senador Chico Rodrigues (RR).Estamos atentos a todos os detalhes da investigação e, havendo a comprovação da prática de atos ilícitos pelo parlamentar, a Executiva Nacional aplicará as sanções disciplinares previstas no Estatuto do partido"
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