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Lula apoia aliança de esquerda em 2022, mas defende que PT tenha candidato

Luiz Inácio Lula da Silva indicou que o PT não deseja abrir mão de ter um candidato à presidência em 2022 - Victor Moriyama/Getty Images
Luiz Inácio Lula da Silva indicou que o PT não deseja abrir mão de ter um candidato à presidência em 2022 Imagem: Victor Moriyama/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

13/11/2020 10h29Atualizada em 13/11/2020 10h51

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ser a favor de uma aliança de esquerda para as eleições presidenciais de 2022, mas defendeu que o PT tenha protagonismo, alegando que o "maior partido" precisa de um candidato.

A declaração de Lula ocorre em um momento de movimentações em diferentes campos políticos tendo em vista a disputa de 2022. No campo da esquerda, o petista se encontrou recentemente com Ciro Gomes (PDT) e selou paz depois de um rompimento em 2018 durante a campanha presidencial.

"Acho que em 2022, se você olhar o quadro político, já tem vários candidatos. Mas quem está com dificuldade é a direita, que está procurando o Luciano (Huck), o (João) Doria, (Sergio) Moro, não sei quem... Eu vou te garantir que se depender do PT e de mim, vamos ter uma aliança de toda a esquerda. Agora, o que as pessoas não podem achar é que o PT não pode ter candidato. Porque como que pode o maior partido não ter candidato?", disse durante uma live com a candidata do PT à prefeitura do Rio de Janeiro, Benedita Silva.

Ao complementar o raciocínio, Lula fez uma indicação de que a insistência sobre uma candidatura própria poderia ser revista: "mas se tiver gente em condição de disputar melhor que o PT não tem problema nenhum". Porém, ele não especificou quais condições seriam essas.

Em 2018, o campo da esquerda ficou dividido entre os candidatos Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT) e Guilherme Boulos (PSOL) durante o primeiro turno da eleição presidencial. Haddad avançou para o segundo turno, mas não recebeu o apoio de Ciro, o terceiro com mais votos.

A situação gerou cobranças dos petistas em relação à postura do pedetista, que por outro lado argumentava que teria mais chances de derrotar Jair Bolsonaro se tivesse recebido o apoio do PT desde o início da campanha. O encontro entre Ciro Gomes e Lula teve como principal intuito cicatrizar essas feridas.

Apesar das especulações sobre uma frente ampla de esquerda para 2022, Ciro Gomes e Fernando Haddad despontam no momento como candidatos nas eleições presidenciais.

Antes, na mesma entrevista, Lula apresentou sua visão em relação a alianças, dizendo que o desejo de uma frente ampla sempre permeou a política nacional. Mas, em sua opinião, é importante os partidos lançarem candidatos para reafirmarem suas plataformas, buscando aproximações no segundo turno.

"Todo mundo tem o desejo de construir frente ampla. Poderia lembrar da eleição de 1989, 1994, 1998, 2006. Todas elas a gente tentava construir frente ampla sem querer impedir que os partidos tivessem candidato. Lembro que em 1989 não queriam que o Lula fosse candidato, porque 'era um simples metalúrgico, não tinha nenhuma chance' e as pessoas ficavam perguntando de voto útil, para apoiar o (Leonel) Brizola (candidato do PDT). Fui candidato, cheguei no segundo turno e o Brizola não foi", relembrou.

"É muito importante que a gente tenha noção porque os partidos têm que lançar candidato. Dá a chance de colocar o programa, conversar com a sociedade, e tem chance de ir pro segundo turno e fazer uma aliança muito grande", disse.

Conversas sobre uma frente única para concorrer com Jair Bolsonaro em 2022 também movimentam o centro e direita da política nacional. Recentemente, o apresentador Luciano Huck e o ex-juiz Sergio Moro se encontraram para tratar sobre o cenário para as eleições. Os dois são apontados como potenciais candidatos, assim como o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).

Eleições à prefeitura

Lula também analisou o cenário das eleições municipais em São Paulo e Rio de Janeiro. Em nenhuma das duas houve alianças entre os principais partidos da esquerda, sendo que na capital paulista Guilherme Boulos (PSOL) aparece nas pesquisas eleitorais em melhores condições de ir ao segundo turno do que o petista Jilmar Tatto.

"Eu adoraria estar em uma aliança agora com PSOL agora no Rio e aqui em São Paulo, e em outros estados, mas é normal que o PSOL e o PT queiram ter candidato", disse, comentando também sobre a falta de aliança no Rio de Janeiro.

"Eu gostaria que o PSOL tivesse apoiado a Benedita no Rio porque a Benedita foi vice do Freixo enquanto ele era candidato. Mas não foi possível, paciência. Vou trabalhar com a hipótese que a gente faça qualquer esforço para não deixar que o símbolo do milicianismo possa continuar governando esse país. O Brasil pode não precisar do Lula, da Benedita, mas não precisa de uma figura grotesca como o Bolsonaro governando o nosso país", completou.