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Senador Irajá Silvestre Filho (PSD-TO) é acusado de estupro por modelo

Senador Irajá Silvestre Filho (PSD-TO) - Jefferson Rudy/Agência Senado
Senador Irajá Silvestre Filho (PSD-TO) Imagem: Jefferson Rudy/Agência Senado

Luís Adorno e Luciana Amaral

Do UOL, em São Paulo

23/11/2020 15h52Atualizada em 23/11/2020 21h18

Uma modelo de 22 anos registrou, na madrugada de hoje, em boletim de ocorrência, ter sido estuprada pelo senador Irajá Silvestre Filho (PSD-TO) em hotel no Itaim Bibi, bairro nobre da capital paulista. Em nota, o parlamentar, que é filho da senadora Kátia Abreu (PP-TO), alega "total e plena inocência".

O caso, ocorrido ontem, foi registrado no 14º DP (Distrito Policial), em Pinheiros, e agora é investigado pela Polícia Civil. Em resposta à acusação, o senador afirmou que lamenta "ter sido envolvido nesse enredo calunioso e difamatório que busca manchar o meu nome em função da visibilidade momentânea da função que ocupo".

De acordo com o relato de policiais militares que atenderam a ocorrência, amigos da modelo ligaram para o 190. Relataram que a jovem conheceu o parlamentar durante um almoço em um restaurante no Jóquei Clube e, à noite, seguiram para uma casa de show onde consumiram álcool.

Durante a noite, a jovem perdeu a consciência e acordou em um flat. Segundo seus amigos, ela acordou durante o ato sexual forçado e ouviu Irajá Silvestre Filho dizendo: "Você é minha" e "Estou apaixonado".

Segundo a Polícia Civil, a modelo acrescentou que não pôde resistir ao ato forçado porque temia por sua segurança, já que não conhecia o acusado, "mas insistentemente pedia para ir ao banheiro e tomar água, sem sucesso".

Na sequência, a mulher conseguiu sair da cama, se trancou no banheiro e conseguiu telefonar para amigos, que chamaram a Polícia Militar.

"Com a chegada da sua amiga, [a vítima] saiu do banheiro porque sentiu-se mais segura e, com ódio, foi para cima do investigado chutando-o e esmurrando-o", diz a Polícia Civil.

A modelo relatou à polícia que saiu do quarto com sua amiga e foi para a recepção do hotel. Quando a PM chegou, os policiais se dirigiram ao apartamento para tentar localizar o senador, que já tinha ido embora.

Em nota, o parlamentar afirma: "Ressalto que compareci espontaneamente à delegacia responsável pela apuração dos fatos e pedi para ser submetido, voluntariamente, a exame de corpo de delito e toxicológico, tudo para desmistificar o quanto aleivosamente alegado".

Na delegacia, a jovem reconheceu o senador por uma fotografia publicada na internet. A polícia determinou aos policiais a preservação da suíte para exame pericial e "encaminhou a vítima para exames de conjunção carnal e outros atos libidinosos, assim como exame toxicológico".

A polícia requereu imagens de câmeras de segurança do hotel para tentar esclarecer os fatos.

O senador é filho de Kátia Abreu, que está internada no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, com covid-19. O UOL procurou a senadora para uma manifestação por meio de sua assessoria e aguarda retorno.

Nas notas enviadas à imprensa, o senador e a defesa não citam em momento algum a palavra "estupro". Silvestre Filho afirma não ter cometido "ilícito algum" e chama o caso de farsa, além de se referir a ele como "episódio infame, maldoso e traiçoeiro".

O advogado criminalista Daniel Leon Bialski, que defende o senador, diz que Silvestre Filho "jamais praticou tal ato e repudia a acusação".

A defesa solicitou imagens de câmeras de segurança da casa noturna, de trânsito e do flat. "Confiamos, como sempre, plenamente na Justiça", afirma a nota. "O senador Irajá aguardará com serenidade a conclusão das investigações e a comprovação da sua plena inocência."

Leia a seguir a íntegra da nota divulgada pelo senador:

"Foi com surpresa, decepção, tristeza e indignação que tomei conhecimento do episódio infame, maldoso e traiçoeiro envolvendo a minha vida e minha dignidade.

Eu sempre pautei minha vida profissional, pública e pessoal pela ética, respeito e retidão, sendo inimaginável ser acusado de algo dessa natureza.

O fato é que, como principal interessado na revelação ampla e total de toda essa farsa, solicitei que meu advogado, Daniel Bialski, reforçasse às autoridades responsáveis pela investigação do caso que requisitassem a realização de exame de corpo delito na acusadora para comprovar a verdade.

Ressalto que compareci espontaneamente à delegacia responsável pela apuração dos fatos e pedi para ser submetido, voluntariamente, a exame de corpo de delito e toxicológico, tudo para desmistificar o quanto aleivosamente alegado.

As filmagens, demais provas e testemunhas hão de repor a verdade no seu devido lugar e vir a declarar minha total e plena inocência.

Confio na polícia e na Justiça e sei que ficará provado que jamais houve nada que possa tangenciar qualquer comportamento inapropriado de minha parte.

Lamento muito ter sido envolvido nesse enredo calunioso e difamatório que busca manchar o meu nome em função da visibilidade momentânea da função que ocupo.

Reitero que aguardarei a conclusão das investigações antes de fazer qualquer nova manifestação. Não pretendo ser atirado para essa arena sórdida. A verdade aparecerá e eu a aguardarei com serenidade.

Declaro e reitero que não cometi ilícito algum e estou à disposição das autoridades para quaisquer esclarecimentos que se fizerem necessários

Senador Irajá"