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Auditores atacam suposta ajuda da Abin a Flávio: 'Maior escândalo' do país

Do UOL, em São Paulo

11/12/2020 11h52Atualizada em 11/12/2020 16h02

O Sindifisco Nacional (Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil) disse que a possível ajuda da Abin ao senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) no "caso Queiroz", revelada hoje pela revista Época, caso se confirme, "é inaceitável em todos os sentidos".

Ao estar a serviço de uma causa que não é republicana, a atuação da Abin passou de qualquer limite
Kleber Cabral, presidente do Sindifisco Nacional

Segundo a Época, a Abin produziu ao menos dois relatórios para ajudar o senador no caso que revelou a existência de um suposto esquema de rachadinhas na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), que gerou denúncia contra Flávio por lavagem de dinheiro, peculato e organização criminosa. De acordo com a reportagem, a Abin teria orientado a defesa de Flávio a apresentar eventuais ilegalidades na atuação de auditores da Receita Federal na investigação.

O Sindifisco repudiou o suposto uso da Receita como orientação da Abin.

"A Receita Federal, diante do que vem sendo noticiado pela mídia, tem resistido às pressões políticas, tentativas de ingerência que precisam ter um fim imediato", escreveu Kleber Cabral, presidente do Sindifisco.

Se não bastasse a gravidade de se ter uma agência de inteligência mobilizada para defender o filho do presidente da República, acusado de atos ilícitos, como a "rachadinha" na Alerj, não se pode admitir que um órgão de governo busque interferir num órgão de Estado, protegido pela Constituição Federal, sugerindo afastamentos de servidores públicos.
Kleber Cabral, presidente do Sindifisco Nacional

Ainda na nota, o Sindifisco pede uma reação por parte do próprio órgão (Receita), do Congresso Nacional e da imprensa contra "esse que pode se configurar no maior escândalo da República".

As orientações da Abin relacionadas à Receita

No primeiro relatório, a Abin disse, segundo a revista Época, que a "linha de ação" da defesa devia começar mostrando "acessos imotivados anteriores (arapongagem)". O texto trata da dificuldade para a obtenção dos dados pedidos à Receita e faz imputações a servidores do órgão. O relatório sugere inclusive a substituição de "postos", em provável referência a alguns servidores, de acordo com a revista.

Em seguida, o relatório da Abin sugere que a defesa peticione ao chefe do Serpro o fornecimento de uma apuração especial sobre os dados da Receita, baseando-se na Lei de Acesso à Informação. A defesa de Flávio Bolsonaro realmente fez isso.

Por fim, o segundo relatório sugeriu a demissão de servidores, "três elementos-chave dentro do grupo criminoso da RF", que "devem ser afastados in continenti". Um desses servidores citados, Christiano Paes, chefe do Escritório da Corregedoria da Receita no Rio, pediu exoneração na semana passada.

O filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) confirmou a existência desses relatórios para a revista Época. Em um dos documentos, a Abin deixou claro o objetivo: "Defender FB no caso Alerj demonstrando a nulidade processual resultante de acessos imotivados aos dados fiscais de FB".

Já o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) negou a existência dos documentos.