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Isa Penna diz que notou deputados comentando de seu corpo antes de assédio

A deputada estadual Isa Penna (PSOL) na Alesp - José Antonio Teixeira/Alesp
A deputada estadual Isa Penna (PSOL) na Alesp Imagem: José Antonio Teixeira/Alesp

Do UOL, em São Paulo

20/12/2020 21h52

A deputada estadual Isa Penna (Psol) disse hoje em entrevista ao "Fantástico", da TV Globo, que já havia notado alguns parlamentares comentando sobre seu corpo. Segundo Isa, eles passaram a abordá-la após verem um vídeo seu dançando funk.

"Já vi esse clima, muitas perguntas, muita gente me puxando: 'muito bonito o vídeo, parabéns pelo vídeo'. Ou seja, esse tipo de pergunta. Meu corpo já estava sendo discutido", disse.

Na última quinta-feira (17), a parlamentar foi vítima assédio por parte do deputado Fernando Cury (Cidadania). Ela estava conversando com o presidente da Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) Cauê Macris (PSDB) quando Cury se aproximou e tocou na lateral de seu corpo, na altura de seus seios.

Ela conta que na hora questionou o colega: "Falei: 'você louco? Por que está encostando em mim? Sou casada'."

Isa reforçou que havia visto deputados fazendo uma confraternização e logo após o episódio percebeu que Fernando Cury estava alcoolizado. Em nota ao programa, a Alesp negou que tenha realizado uma confraternização no dia "com ou sem bebidas alcoólicas e que os parlamentares são responsáveis por seus gabinetes."

Também em nota, Cury disse que não quis desrespeitar Isa Penna, alegou que havia um "clima de confraternização" e pediu desculpas imediatamente após o ocorrido. Na sexta-feira, o partido Cidadania afastou Cury de todas as suas funções e uma reunião no conselho de ética do partido deverá ocorrer na próxima semana.

Na Alesp, Isa Penna apresentou uma denúncia formal por quebra de decoro contra Cury. Em sua composição, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Casa, que vai analisar o caso, tem apenas uma mulher. A deputada também lançou um manifesto para pedir a cassação do mandato de Cury.

Ao "Fantástico", a deputada Maria Lúcia Amary (PSDB), presidente do conselho, disse que vai pedir que o presidente da assembleia convoque uma reunião do conselho de ética durante as férias dos parlamentares.

"Diante da gravidade do fato, diante de todos os fatos que aconteceram, diante de todo o clamor da sociedade, não podemos esperar o início das atividades legislativas que seriam dia 1º de fevereiro", disse ao programa.

Ao programa, o procurador-geral disse que Cury deve receber uma intimação para prestar depoimento a partir do dia 7 de janeiro.

"Ele cometeu um crime. Ele precisa reconhecer que cometeu um crime pra gente começar a debater a retratação cabível à altura do que ele fez", terminou Isa Penna.