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Crivella e outras 6 pessoas são alvos de mandado de prisão: saiba quem são

Marcelo Crivella (esq.) e Rafael Alves são dois dos alvos de mandados de prisão - Reprodução
Marcelo Crivella (esq.) e Rafael Alves são dois dos alvos de mandados de prisão Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

22/12/2020 10h48

Políticos, religiosos e até um delegado são os alvos de mandados de prisão expedidos pelo TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) em um desdobramento da Operação Hades. Entre eles, está o atual prefeito do Rio, Marcelo Crivella (Republicanos), acusado pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) de chefiar um esquema de propina.

"Os crimes foram cometidos de modo permanente ao longo dos quatro anos de mandato, verificando-se contratações fraudulentas e recebimento de propinas nos mais variados setores da administração", diz a desembargadora Rosa Helena Penna Macedo Guita, que autorizou as prisões preventivas de Crivella e outras seis pessoas.

"As tratativas espúrias, na verdade, tiveram início ainda durante a campanha eleitoral e miravam as futuras contratações do governo."

Ela diz que Crivella recebe propinas desde o período em que era senador. "Ou seja, há muito o atual prefeito recebe propinas", escreveu. "É possível afirmar, portanto, diante do seu propósito de permanecer na vida pública, que tal prática perdurará."

Saiba quem são os alvos de mandado de prisão:

Marcelo Crivella

Atual prefeito do Rio, ex-ministro, ex-senador e bispo licenciado da Igreja Universal, Marcelo Crivella é investigado pelo MP de participar de um esquema de pagamento de propinas no âmbito da prefeitura carioca. Ele é apontado como "chefe da organização criminosa".

Rafael Alves

É apontado como o operador financeiro do chamado "QG da Propina". Ele é irmão do ex-diretor-presidente da Riotur Marcelo Alves. Rafael nunca fez parte oficialmente dos quadros da prefeitura. Ele foi um dos responsáveis por arrecadar recursos em meio às campanhas eleitorais de Crivella para as eleições ao cargo de governador do Rio de 2014 e quando o político acabou sendo eleito prefeito, em 2016.

Segundo o MP, Rafael cobrava propina para autorizar o pagamento de faturas atrasadas a empresas credoras, destinando o percentual de 20% a 30% a seu irmão e outro percentual ao prefeito. Ainda de acordo com os investigadores, além da Riotur, o esquema também chegou a secretarias da prefeitura, "o que reforçaria a suspeita não só acerca da ciência, mas também de anuência e possível participação do prefeito, cuja proximidade com Rafael Alves, apontado como o gerente do esquema criminoso, restou patente".

Eduardo Lopes

Bispo da Igreja Universal e suplente de Crivella no Senado, ele assumiu o cargo político nos períodos em que Crivella esteve no ministério da Pesca e na Prefeitura do Rio. Em despachos do TJ-RJ, é dito que o ex-senador falou "sobre os percentuais de propina a serem pagos a cada um dos envolvidos na negociata".

Assim como Rafael Alves, também é apontado como operador do esquema. "Participava das reuniões na qualidade de representante de fato do prefeito, de modo a transmitir aos empresários a confiança necessária de que as promessas seriam cumpridas", diz o despacho da desembargadora.

Mauro Macedo

Primo de Edir Macedo, líder da Igreja Universal, e tesoureiro das campanhas de Crivella. Ele é apontado como braço direito de Crivella, atuando para beneficiar empresas que auxiliassem na campanha do prefeito. Assim como Eduardo e Rafael, ele é apontado como operador do esquema.

Fernando Moraes

Delegado aposentado, ele "se imiscuiu na organização criminosa e participou ativamente das tratativas relacionadas à contratação do grupo Assim Saúde para a Previ-Rio, favorecendo-se até os dias atuais do pagamento milionário de propinas". Moraes chegou a usar de violência para pagamento de propina.

Christiano Stockler

Empresário, trocou mensagens com Alves sobre "acertos de pagamentos de faturas provenientes do grupo Assim Saúde, mediante a emissão de notas 'frias' decorrentes de serviços simulados e não executados (lavagem de dinheiro)", traz despacho do TJ-RJ. Segundo o MP, Stockler está envolvido em um "esquema de corrupção e pagamento de propina referente à contratação da Assim Saúde pela Previ-Rio".

É acusado pelo MP de ter ido à sede do grupo Assim Saúde "com o objetivo de convencer os executivos da citada empresa a manterem o esquema de propinas do qual participavam, mediante a emissão de 'notas frias', mesmo após terem conhecimento do avançado das investigações, que, aliás, na ocasião, acabaram sendo largamente veiculadas na imprensa".

Adenor Gonçalves

Empresário e pastor, segundo o MP, ele pressionou o grupo Assim Saúde a manter o esquema de pagamento de propinas mediante a emissão de "notas frias", além de pedir que fosse simulado "um negócio jurídico, com a finalidade de apagar os vestígios documentais que vinculavam os constantes pagamentos de propina aos integrantes da organização".