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Maia critica Bolsonaro por fala sobre tortura: 'Não tem dimensão humana'

Do UOL, em São Paulo*

29/12/2020 11h31Atualizada em 29/12/2020 13h01

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por provocar a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), ontem, ao falar da tortura sofrida por ela durante a ditadura militar. Maia afirmou em seu Twitter que o presidente não possui "dimensão humana" e prestou solidariedade à ex-presidente.

"Bolsonaro não tem dimensão humana. Tortura é debochar da dor do outro. Falo isso porque sou filho de um ex-exilado e torturado pela ditadura. Minha solidariedade à ex-presidente Dilma. Tenho diferenças com a ex-presidente, mas tenho a dimensão do respeito e da dignidade humana", afirmou Maia.


A fala de Maia acontece um dia após o presidente Jair Bolsonaro ironizar a tortura sofrida por Dilma Rousseff quando ela foi presa, no ano de 1970, durante a Ditadura Militar (1964 - 1985). Diante de apoiadores, o presidente solicitou que lhe mostrassem um raio X da petista como forma de comprovar as agressões que ela sofreu no período.

"Dizem que a Dilma foi torturada e fraturaram a mandíbula dela. Traz o raio X para a gente ver o calo ósseo. Olha que eu não sou médico, mas até hoje estou aguardando o raio X", disse o presidente.

Maia ainda retuitou uma postagem de Baleia Rossi (MDB-SP), em que o candidato à chefia da Câmara dos Deputados também presta solidariedade à Dilma.

"Não é sobre esquerda, centro ou direta. É sobre a dignidade humana, é disso que se trata. Nossa solidariedade à ex-presidente Dilma Rousseff. Tortura nunca mais", declarou o parlamentar.

Na tarde de ontem, Dilma Rousseff rebateu os comentários feitos pelo atual mandatário e o chamou de "fascista", "sociopata" e "cúmplice da tortura e da morte".

"A cada manifestação pública como esta, Bolsonaro se revela exatamente como é: um indivíduo que não sente qualquer empatia por seres humanos, a não ser aqueles que utiliza para seus propósitos. Bolsonaro não respeita a vida, é defensor da tortura e dos torturadores, é insensível diante da morte e da doença, como tem demonstrado em face dos quase 200 mil mortos causados pela covid-19 que, aliás, se recusa a combater. A visão de mundo fascista está evidente na celebração da violência, na defesa da ditadura militar e da destruição dos que a ela se opuseram", declarou a ex-presidente em nota.

Políticos reagem à fala

Além de Maia e Baleia Rossi, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) também prestou apoio à petista e enfatizou que a fala do atual chefe do executivo é "inaceitável".

"Minha solidariedade à ex Presidente Dilma Rousseff. Brincar com a tortura dela — ou de qualquer pessoa — é inaceitável. Concorde-se ou não com as atitudes políticas das vítimas. Passa dos limites", disse FHC.

Já o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou na noite de ontem que o Brasil perde sua "humanidade" em cada declaração de Bolsonaro. Para Lula, Bolsonaro é um "homem sem valor" que jamais conhecerá a coragem de Dilma.

"O Brasil perde um pouco de sua humanidade a cada vez que Jair Bolsonaro abre a boca. Minha solidariedade à presidente Dilma Rousseff, mulher detentora de uma coragem que Bolsonaro, um homem sem valor, jamais conhecerá", disse Lula, via Twitter.

*Com informações de Estadão Conteúdo e Hanrrikson de Andrade, do UOL, em Brasília