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Em reação a Maia e Doria, governo diz que é único a negociar com a China

Governo Federal defende competência do Ministério das Relações Exteriores em negociações com outros países - Ueslei Marcelino
Governo Federal defende competência do Ministério das Relações Exteriores em negociações com outros países Imagem: Ueslei Marcelino

Do UOL*, em São Paulo

20/01/2021 19h04Atualizada em 21/01/2021 07h37

O governo federal afirmou hoje, em nota, que é o único interlocutor oficial com o governo chinês. A declaração aconteceu após o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, se reunir por videoconferência com o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, para tratar sobre a importação de insumos para a produção da vacina contra a covid-19.

"O Governo Federal vem tratando com seriedade todas as questões referentes ao fornecimento de insumos farmacêuticos para produção de vacinas (IFA)", diz o comunicado. "Ressalta-se que o Governo Federal é o único interlocutor oficial com o governo chinês", acrescenta.

A reação do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) vem em resposta a declarações do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), de que "há uma 'mal-estar' com a China", e ao deputado federal e presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), que se reuniu com o embaixador hoje.

Doria disse hoje que conta com a atuação de um escritório do governo paulista na China para negociar a liberação de insumos para a produção da CoronaVac. O governador tucano afirmou que a direção do escritório comercial de São Paulo em Xangai vem acompanhando a situação. O impasse impacta diretamente na produção de mais doses da vacina contra covid-19 no Instituto Butantan.

Já Rodrigo Maia, em mensagem no Twitter, comentou a reação do governo. "Ótima notícia. Finalmente o governo entendeu a importância de manter uma boa relação com a China. Menos ideologia e mais pragmatismo costumam render frutos", escreveu.

'China continuará unida ao Brasil'

O governo federal afirmou na nota oficial que, além das negociações mantidas com o governo da China pelo Ministério das Relações Exteriores por meio da embaixada do Brasil em Pequim, outros ministérios têm conversado com o embaixador. De acordo com a nota, participaram também da reunião a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e o ministro das Comunicações, Fábio Faria.

A reunião foi confirmada pela Embaixada da China, que disse que a "China continuará unida ao Brasil no combate à pandemia".

O Instituto Butantan e a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) dependem da chegada de mais insumos ao Brasil para produzir novas doses das vacinas contra a covid-19. No entanto, a compra da matéria-prima encontra impasses que já levaram a Fiocruz a anunciar o atraso da entrega de vacinas para março.

Em seu perfil no Twitter, a Embaixada da China falou também sobre o encontro do embaixador com Rodrigo Maia. "A China atribui grande importância à parceria China-Brasil e vai continuar a promover nossa cooperação e combate conjunto à pandemia", diz a publicação.

Ernesto Araújo negou problema político

Também hoje, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, já havia negado que o atraso na compra e entrega dos insumos se deva a divergências políticas. "Temos relação madura, construtiva, muito correta, tranquila com a China", disse Araújo. "Não é um assunto político. É assunto de demanda por um produto", completou.

Araújo disse que a importação de 2 milhões de doses prontas da vacina de Oxford está "bem encaminhada". O governo federal enviaria um avião ao país na semana passada para buscar as vacinas, mas o governo indiano voltou atrás na importação. Araújo não deu detalhes sobre as importações.

Como João Doria, outros governadores questionam as negociações feitas pelo governo federal. Hoje, 15 mandatários enviaram um ofício ao presidente Jair Bolsonaro cobrando diálogo com a China e com a Índia para a aquisição de insumos.

A capacidade de negociação com a China do governo federal vem sendo questionada em função de episódios passados em que o presidente, seus auxiliares e seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, emitiram críticas ao país asiático.

*Com Estadão Conteúdo.