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Tereza Cristina e Onyx são exonerados e poderão votar na eleição da Câmara

Deputada eleita pelo DEM, Tereza Cristina poderá votar na eleição da Câmara dos Deputados - Roberto Casimiro/Fotoarena/Estadão Conteúdo
Deputada eleita pelo DEM, Tereza Cristina poderá votar na eleição da Câmara dos Deputados Imagem: Roberto Casimiro/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Fábio Regula e Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

29/01/2021 06h29Atualizada em 29/01/2021 09h06

A fim de garantir mais dois votos para o deputado Arthur Lira (PP-AL) na disputa pelo comando da Câmara, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) exonerou dois ministros que têm mandatos na Casa: Onyx Lorenzoni, do DEM-RS (Cidadania); e Tereza Cristina, do DEM-MS (Agricultura).

Com isso, a dupla retorna ao Congresso para participar da eleição da Mesa e, já na semana que vem, devem ser nomeados novamente. A eleição para a Presidência da Câmara e do Senado está marcada para segunda-feira (1º de fevereiro).

Os atos de exoneração foram publicados na edição de hoje do Diário Oficial da União e constam como realizados a pedido dos ministros.

Também mandatário no Parlamento, o ministro Fábio Faria (Comunicações) não tem previsão de deixar a pasta regressar ao Congresso. Havia expectativa de que ele também fosse exonerado, porém isso não se confirmou até o momento.

O governo trabalha pela eleição de Lira, favorito do Palácio do Planalto, na disputa com Baleia Rossi (MDB-SP), que é o candidato apoiado pelo atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Nas últimas semanas, a rivalidade entre Bolsonaro e Maia tem se intensificado. O deputado subiu o tom das críticas ao presidente da República e o acusa de tentar interferir no futuro do Legislativo.

Racha no DEM

Partido de Maia (e também dos ministros que compõem o governo), o DEM está rachado. Oficialmente, sob articulação do atual chefe da Câmara, a sigla declara apoio a Baleia. Nos bastidores, contudo, a temperatura está elevada com um possível movimento de traição.

Nesta semana, Bolsonaro afirmou publicamente que pretendia "influir" na eleição na Câmara, após se reunir com deputados do PSL para pedir votos para a candidatura de Lira. "Vamos, se Deus quiser, participar e influir na presidência da Câmara com esses parlamentares (do PSL)", declarou ele.

Ontem, o chefe do Executivo federal encerrou um discurso em Alagoas declarando abertamente a sua torcida pela vitória de Arthur Lira.

"Amigos de Alagoas, se Deus quiser, segunda-feira [1º] teremos o segundo homem na linha hierárquica do Brasil eleito aqui no Nordeste pela Câmara dos Deputados. O deputado Arthur Lira. Se Deus quiser, o nosso presidente", disse.

O triunfo de Lira pode simbolizar uma vitória importante para o governo. Bolsonaro já declarou que conta com o deputado para conseguir pautar no Congresso temas e projetos de interesse do Executivo, em especial as que possuem viés ideológico, como a liberação de armas no Brasil.

Dia de ouvir demandas

Com a paralisação das atividades no Parlamento em decorrência da pandemia do coronavírus, ministros e representantes da cúpula do governo tiveram poucas oportunidades de percorrer os corredores da Casa para conversar diretamente com deputados e senadores. A cena era comum (principalmente em épocas de votações nas duas Casas) até a rotina em Brasília ser afetada pela crise de saúde pública mundial.

Por esse motivo, é natural que Onyx e Tereza circulem nos bastidores do Congresso para ouvir demandas dos colegas e tentar um movimento de captação de apoio pró-governo.

Isso ocorre em meio a discussões sobre a possibilidade de impeachment contra Bolsonaro. Há vários pedidos na gaveta da Presidência da Câmara e basta uma decisão discricionária do comandante da Casa para que um processo de apuração seja instalado. Só a abertura de uma investigação já provocaria um forte impacto político para o governo.

Nesta semana, líderes evangélicos e católicos protocolaram mais um requerimento por meio do qual pedem a cassação constitucional do mandato de Bolsonaro. Presidentes e líderes dos seis partidos de oposição na Câmara também apresentaram novo pedido. Ao todo, já são mais de 60 pedidos de impedimento.