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Centrão espera reforma ministerial e prevê nomes; Onyx voltará ao Planalto

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao lado do ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni (DEM) - Alan Santos/PR
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao lado do ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni (DEM) Imagem: Alan Santos/PR

Luciana Amaral, Carla Araújo e Kelli Kadanus

Do UOL, em Brasília, e colaboração para o UOL, em Brasília

02/02/2021 20h44

Com a vitória de Arthur Lira (PP-AL) na disputa pela presidência da Câmara, o centrão agora tem a expectativa de que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) promova uma reforma ministerial que acolha integrantes dos principais partidos que apoiaram o alagoano.

Na mira do centrão estão o Ministério da Cidadania, responsável pelo programa Bolsa Família e pelo auxílio emergencial, por exemplo, e a recriação do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). Para tanto, o Ministério da Economia, de Paulo Guedes, seria fatiado.

Eventuais mudanças só devem acontecer após o feriado de Carnaval. Ou seja, daqui a uns 15 dias.

O mais concreto, por enquanto, é que o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni (DEM), volte ao Planalto. Sua transferência para a Secretaria-Geral da Presidência da República, na sede do Executivo federal, é dada como certa por assessores e aliados do governo.

Atualmente, a Secretaria-Geral é comandada de forma interina por Pedro Cesar Sousa, ex-chefe de gabinete de Bolsonaro. A pasta é uma espécie de "prefeitura" do Planalto.

A tendência é que tanto a pasta da Cidadania quanto o eventual MDIC sejam destinados ao PP e ao Republicanos. Ambos os partidos compõem a base de Bolsonaro no Congresso Nacional. Mais espaço a ambos já vinha sendo discutido e visto como uma necessidade antes mesmo da eleição de Lira.

Nomes cotados a assumir o Cidadania no Republicanos são os dos deputados federais João Roma (BA), Márcio Marinho (BA) e Lafayette de Andrada (MG). O partido deve fechar uma lista de possíveis futuros ministros até o fim da semana.

A pasta da Indústria, Comércio Exterior e Serviços deixou de existir como ministério no governo Bolsonaro e ficou debaixo do guarda-chuva do Ministério da Economia.

Não é a primeira vez que parlamentares tentam recriar a pasta durante a atual gestão. Agora, no entanto, segundo auxiliares do presidente, ele teria sido convencido de que o setor pode ganhar força se ganhar status de ministério e ter um papel importante na aquisição de insumos e vacinas.

Além de agradar ao Centrão, a recriação do MDIC diminuiria o poder de Paulo Guedes no comando da "superpasta" da Economia. Auxiliares do ministro, no entanto, dizem não acreditar na divisão da pasta. Além de serem contra a ideia, eles argumentam que essa mudança afetaria o cronograma de abertura comercial da pasta.

Embora tida como mais improvável, especialmente em meio à pandemia, a saída do general Eduardo Pazuello do comando do Ministério da Saúde também não é descartada pelos parlamentares. Se realmente acontecer, só deve ser ao final da vacinação contra a covid-19, para não criar ainda mais distúrbios nas ações do governo no combate ao coronavírus.

O nome do próprio líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), foi mencionado para o lugar de Pazuello. Ele já foi ministro da Saúde no governo do ex-presidente Michel Temer (MDB). No entanto, o PP só deve ficar com a Saúde se não ficar com outro ministério.

Publicamente, Barros nega saber de qualquer troca e diz não ver "ambiente para reforma ministerial", a não ser a mudança no Ministério da Cidadania. Em privado, apurou a reportagem, diz estar bem na posição atual e esperar o desenrolar dos acontecimentos. Um deputado do partido, sob reserva, pondera que Barros é um importante articulador do governo na Câmara. Portanto, é melhor que fique na Casa.

Além da pandemia, outro fator que dificulta alterações no comando da Saúde é que Pazuello é próximo de Bolsonaro e vem defendendo o mandatário de críticas à condução e a falas do presidente na pandemia.