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Huck é uma aventura, diz Lula, que vê chance de reeleição de Bolsonaro

Afonso Oliveira, Ana Carla Bermúdez, Fabio Regula e Leonardo Martins

Do UOL, em São Paulo, e colaboração para o UOL, em São Paulo

18/02/2021 12h23

Na análise do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT), as eleições presidenciais de 2022 vão opor em um eventual segundo turno candidatos de esquerda e de direita. Ele também disse que o lançamento do nome do apresentador Luciano Huck à Presidência seria uma aventura. As declarações foram dadas durante o UOL Entrevista, conduzido pelo colunista Kennedy Alencar, na manhã de hoje.

Para Lula, o histórico aponta que candidatos à reeleição, como Jair Bolsonaro (sem partido) em 2022, se mostram competitivos porque usam a força da máquina pública. Ele disse ter dúvidas sobre o potencial de outras candidaturas do campo da direita.

"Quem está no poder sempre será o candidato forte à sua reeleição porque o poder é uma máquina muito poderosa. Quem estiver no poder sempre deverá ser [competitivo], a não ser que seja um desastre", disse Lula.

Embora seja um desastre do ponto de vista social, econômico e político, efetivamente do ponto de vista eleitoral ele [Bolsonaro] mantém uma parcela da base mais à direita, mais raivosa. Acho que ele tem chance numa disputa de reeleição de segundo turno.
Lula, ex-presidente da República

No campo da direita, Lula disse que a única candidatura clara neste momento é a de Bolsonaro. Ele não vê prosperar a tentativa de lançar Luciano Huck como candidato ao posto.

"Não sei qual será o potencial dos tucanos nessas eleições. Acho que o Huck é uma aventura, pegar um homem de TV e colocar ele numa frigideira de uma disputa política... Se ele vai se sair bem é uma aposta que não está dada ainda. Também não sabemos se o DEM vai ter candidato, o que sabemos é que o Bolsonaro tem candidato, que é ele", afirmou.

Esquerda x direita

Os partidos de oposição têm discutido uma possível frente ampla, para enfrentar Bolsonaro nas eleições de 2022. O tucano João Doria, governador de São Paulo, tem se colocado como postulante a essa vaga, unindo também legendas de centro, que também discutem apoiar o apresentador Luciano Huck.

Questionado diretamente se poderia apoiar Doria em um eventual segundo turno, Lula disse que não enxerga este cenário. Para ele, a disputa será entre um candidato da direita e outro da esquerda, como nas últimas eleições presidenciais.

"Primeiro isso não vai acontecer [Doria enfrentar Bolsonaro] porque não haverá a possibilidade de dois candidatos de direita irem ao segundo turno, como é difícil imaginar dois candidatos da esquerda no segundo turno. Haverá um candidato representante na direita, ou na extrema-direita, ou bolsominion. E haverá um candidato na esquerda, que será um candidato com mais compromisso com a sociedade, com inclusão social, educação", disse.

De acordo com Lula, o PT precisa lançar candidatura própria no primeiro turno e fazer um pacto de apoiar o candidato desse campo que for para o segundo turno.

"Objetivamente, acho que [o PT] tem de ter candidato no primeiro turno. Como você vai escolher o candidato de uma frente ampla, qual o critério? A melhor prévia que tem é a disputa no primeiro turno. Todo mundo que puder lança candidato com o compromisso de que no segundo turno todo mundo se junte. Não pode depois um inventar de ir para Paris, outros para Suécia, para Nova York, não dá", declarou.

A fala é uma crítica direta a Ciro Gomes (PDT), terceiro colocado nas eleições de 2018, que viajou para Paris após o primeiro turno e não apoiou Fernando Haddad (PT) contra Bolsonaro.

Ele também afirmou que não precisa ser candidato, mas está à disposição. E que, se não for o escolhido para ter o nome nas urnas em 2022, vai estar "inteiro para ser cabo eleitoral".