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No RJ, ato pró-Silveira tem placa de rua com nome do parlamentar: "Mártir"

Herculano Barreto Filho

Do UOL, no Rio

21/02/2021 16h38Atualizada em 21/02/2021 17h05

O ato de apoio ao deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), preso desde terça-feira por fazer ameaças a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e ao Estado Democrático de Direito em vídeo nas redes sociais, teve até placa de rua com o nome do parlamentar.

Cerca de cem pessoas se reuniram hoje de manhã em frente ao Copacabana Palace, na zona sul do Rio, para pedir pela liberdade do político. De lá, seguiram para o BEP (Batalhão Especial Prisional), em Niterói, onde Silveira está detido. Na quinta-feira, quando ele deixou a Polícia Federal do Rio e foi transferido para o BEP, apoiadores atacaram a imprensa e ironizaram a pandemia.

Ato em apoio a Daniel Silveira em Copacabana

A placa de rua exibida na manifestação possui o mesmo padrão da confeccionada em homenagem à vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), assassinada a tiros na noite de 14 de março no Estácio, região central do Rio — similar àquela quebrada por Silveira às vésperas das eleições de 2018.

A placa que traz o nome do parlamentar o descreve como "mártir, defensor da liberdade, da vida e dos direitos individuais, preso injustamente por crime de opinião".

Ele está se estabelecendo como um mártir. Precisamos lutar pela liberdade de expressão. Estão querendo nos calar.
Julio Monteiro, ativista político e candidato a vereador pelo PTC em Niterói

Daniel Silveira, quando candidato, quebra placa de Marielle em 2018 - Reprodução/Twitter - Reprodução/Twitter
Daniel Silveira, quando candidato, quebra placa de Marielle em 2018
Imagem: Reprodução/Twitter

O ato, que teve mais de duas horas de duração, foi organizado por movimentos de extrema-direita e teve até o nome de Silveira sugerido por apoiadores como candidato a governador do Rio para as eleições de 2022. A menos de 50 metros dali, havia um grupo de cerca de 15 policiais militares.

Um dos organizadores, Eduardo Oliveira fez críticas aos ministros do Supremo e defendeu a liberdade de expressão. "O deputado federal é inviolável e não pode ser preso por causa da sua opinião. Os membros do STF foram criminosos e ditatoriais, porque foram contra uma lei. Se fazem isso com um parlamentar, o que não farão com o povo?", questionou.

Nós tivemos governadores presos envolvidos em crime. Por que não colocar um homem que está fazendo as coisas corretas no Palácio das Laranjeiras? Temos que fazer isso."
Eduardo Oliveira, um dos organizadores do ato em Copacabana

Oliveira ainda falou sobre a participação de Bolsonaro nos atos do grupo em Copacabana, que ocorrem desde 2012. "Ele fala exatamente o que o povo sente".

Frases de Bolsonaro como inspiração

Com o hino nacional reproduzido em um carro de som para apoiadores com bandeiras do Brasil, os organizadores defenderam a liberdade de expressão, negaram que tenha ocorrido a ditadura militar no país e repetiram frases usadas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) —entoaram coros com frases como "Brasil acima de tudo. Deus acima de todos", "nossa bandeira jamais será vermelha" e "Daniel livre".

Os apoiadores também defenderam a flexibilização do uso de armas de fogo, uma das principais pautas defendidas por Bolsonaro. "O povo armado jamais será escravizado", disse um manifestante.

Uma idosa abordou o UOL: "Você está de camisa vermelha! Está apoiando ou está infiltrado?", questionou. Em seguida, entoou o coro de "infiltrado" em meio ao ato, obrigando a reportagem a deixar o local.