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Congresso e Supremo colocaram limites ao governo Bolsonaro, diz Maia

Leonardo Martins, Lucas Borges Teixeira e Stella Borges

Colaboração para o UOL, em São Paulo, e do UOL, em São Paulo

23/02/2021 11h50

O Congresso e o STF (Supremo Tribunal Federal) "colocaram limites" ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido). Esta é a visão do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), ex-presidente da Câmara, expressada durante o UOL Entrevista, conduzido pelo colunista do UOL Kennedy Alencar, na manhã de hoje.

Na entrevista, Maia defendeu sua gestão à da Câmara, criticou a atuação do governo na vacinação e voltou a cutucar o ministro da Economia, Paulo Guedes. Ao comentar sobre futuro, disse ainda que deverá se formar uma frente contra Bolsonaro em 2022.

Acho que o Congresso e o Supremo colocaram limites desde o início ao governo. Não acho que uma frase do presidente da Câmara, do Senado, dos principais líderes contestando o governo seja uma coisa pequena. Todo mundo critica, mas não acho que é uma coisa pequena você impor limites: dentro desse limite aqui não vai passar --e não passou.
Rodrigo Maia (DEM-RJ), ex-presidente da Câmara

Maia citou como exemplo as pautas "de costume", como as relacionadas às armas de fogo, que já começaram a avançar sob o comando de Arthur Lira (PP-AL), e garimpo em terras indígenas.

"Todas essas agendas de costume da qual nós inviabilizamos todas e fortalecemos a agenda da economia, da educação e da saúde durante a pandemia. Não acho que a Câmara e o Senado tenham trabalhado apenas com notas [de repúdio]", ponderou o ex-presidente.

Nós criamos a CPI mista [Comissão Parlamentar de Inquérito] das fake news, depois o presidente [do STF Dias] Tofolli abriu o inquérito com a relatoria do Alexandre [de Moraes, ministro do STF] que tem sido importante. Então, acho que a Câmara, o Senado e o supremo colchoaram limites importantes ao governo do presidente Bolsonaro."
Rodrigo Maia (DEM-RJ), ex-presidente da Câmara

Agora crítico de Bolsonaro, Maia se defendeu das cobranças por não ter aberto um dos pedidos de impeachment contra o governo enquanto presidia a Casa. Segundo ele, a derrota do seu grupo nas eleições de fevereiro para Arthur Lira, candidato do governo, provaram que o processo não iria para frente.

"Ia tirar da pauta a pandemia e ia colocar na pauta o impeachment, do qual ele iria sair vitorioso nesse primeiro momento", declarou Maia.

União contra Bolsonaro

Maia defendeu ainda que há "grandes nomes no centro social democrático e liberal" para enfrentar o presidente Jair Bolsonaro nas eleições de 2022. É preciso, no entanto, definir um candidato "até o final do ano".

"O projeto para presidente não é projeto pessoal nem de A, B ou C, é um projeto que represente um país diferente daquilo que foi construído, que melhorou muito ao longo dos últimos 30 anos, mas que, olhando a estrutura do Estado, favoreceu demais as corporações do setor público e do setor privado", declarou Maia.

Entre os elogiados, Maia falou nos governadores João Doria (PSDB-SP) e Eduardo Leite (PSDB-RS), no ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) e em Ciro Gomes (PDT).

Podemos ter uma candidatura de centro-esquerda ou centro-direita e tentar juntar todo mundo. O nosso problema, acho, neste momento, no campo da centro-esquerda, é a questão econômica. Se conseguir pactuar isso, você pode dizer que o Ciro está aqui, PSB está aqui, parte do PT está aqui."
Rodrigo Maia (DEM-RJ), ex-presidente da Câmara

Cutucadas em Guedes

Maia também usou o espaço para criticar a atuação de Paulo Guedes, com quem já trocou farpas públicas. Para o deputado, a Câmara foi responsável pelas conquistas econômicas do governo, não o ministro.

Se o Brasil não está numa situação fiscal pior hoje é porque nós comandamos primeiro na Câmara a Reforma da Previdência, apesar desse governo e apesar das ameaças nas redes sociais.
Rodrigo Maia (DEM-RJ), ex-presidente da Câmara

Segundo ele, Guedes tenta ainda estender o auxílio emergencial "para se manter ministro", mas, ao mesmo tempo, quer congelar despesas para "garantir o discurso para o mercado".