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Flordelis tem alta hospitalar após ingerir medicamentos

A deputada federal Flordelis é acusada de mandar matar o próprio marido - Cláudio Andrade/Câmara dos Deputados
A deputada federal Flordelis é acusada de mandar matar o próprio marido Imagem: Cláudio Andrade/Câmara dos Deputados

Herculano Barreto Filho

Do UOL, no Rio

24/02/2021 14h28

A deputada federal Flordelis (PSD-RJ) teve alta hospitalar hoje à tarde. A parlamentar foi internada ontem quando ela ingeriu excesso de medicamentos e acabou sendo internada no CTI (Centro de Terapia Intensiva) do Hospital Niterói D'or, em Icaraí.

O caso ocorreu após ela receber a informação da suspensão do exercício das suas funções públicas por determinação da Justiça do Rio, ontem à tarde. Flordelis é acusada de ser a mandante do assassinato do próprio marido. A assessoria da deputada informou que ela já está em casa, em repouso e seguindo orientações médicas.

O advogado Anderson Rollemberg, que a representa, questionou os argumentos usados pelos desembargadores da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro em julgamento por videoconferência, negando que as testemunhas tenham sido intimidadas.

A decisão é desproporcional e sem fundamento. As testemunhas foram ouvidas sem qualquer interferência. Não faz sentido afastá-la da função de parlamentar. Iremos recorrer

Anderson Rollemberg, advogado de Flordelis

O desembargador Celso Ferreira Filho, relator do caso, disse que as ações da deputada citadas nos autos do processo podem significar interferência na apuração. "Há evidências de diálogos indicativos do poder de intimidação e de persuasão que [Flordelis] exerce sobre testemunhas e corréus. [A deputada] possui ela meios e modos de acessar informações e sistemas, diante dos relacionamentos que mantém em virtude da função parlamentar", disse.

Em setembro de 2020, o MP-RJ citou um ataque a bomba a uma das testemunhas em um pedido pelo uso de tornozeleira eletrônica. "Não vão me calar", desabafou a testemunha na ocasião. Questionado sobre o caso, Rollemberg contesta.

"Não há nada nesse caso que tenha sido confirmado pela polícia. Se [a testemunha] estivesse se sentindo coagida, teria pedido escola. Mas ela comparece a todas as audiências", argumentou.

Câmara decidirá se afastamento será mantido

A decisão da Justiça do Rio será encaminhada à Câmara dos Deputados, em Brasília, que decidirá em plenário se o afastamento será mantido, como determina a Constituição Federal. Acusada de ser mandante do assassinato do próprio marido, ela só não foi presa porque tem imunidade parlamentar. Marido de Flordelis, o pastor Anderson do Carmo foi morto a tiros no dia 16 de junho de 2019 na casa da família em Niterói, região metropolitana do Rio.

Não há prazo para a decisão ser apreciada pela Câmara. A manutenção do afastamento de um parlamentar por decisão judicial deve ser aprovada por maioria absoluta (257 votos).

Além do afastamento do cargo, Flordelis e outros dez acusados, entre filhos naturais e adotivos, aguardam a decisão da 3ª Vara Criminal de Niterói para saber se irão a júri popular. A parlamentar é monitorada com o auxílio de uma tornozeleira eletrônica, de acordo com determinação da Justiça de setembro de 2020.