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Gilmar, Marina e partidos rebatem quem celebra golpe: 'Deve ser repudiado'

Marina Silva (Rede-AC) - Wilson Dias/Agência Brasil
Marina Silva (Rede-AC) Imagem: Wilson Dias/Agência Brasil

Do UOL, em São Paulo

31/03/2021 09h27Atualizada em 31/03/2021 13h06

A ex-senadora Marina Sivla (Rede) respondeu ao ministro da Defesa, Braga Netto dizendo que "o golpe de 31 de março de 1964 não deve ser celebrado, e sim repudiado".

"Não, Ministro Braga Neto. O golpe de 31/03/64 não deve ser celebrado e, sim, repudiado. E o é. Pelos democratas dos diversos espectros ideológicos, pelo povo brasileiro e principalmente pela constituição democrática de 88", escreveu Marina. Na sequência, a ex-senador diz que "o governo Bolsonaro não está em crise, ele é a crise".

O golpe que deu início à ditadura militar no Brasil completa 57 anos hoje. O ex-presidente João Goulart foi deposto pelo Exército para a instauração de uma ditadura militar — iniciada em 1º de abril de 1964 — que durou 25 anos.

Na noite de ontem, o ministro divulgou uma nota sobre a data no Brasil, dizendo que falando de um cenário de "Guerra Fria, de movimentos de rua na década de 60, e da intervenção militar para pacificar o país e garantir as liberdades democráticas que hoje desfrutamos".

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), também comentou sobre a data, dizendo que "não há motivos para comemorar, temos que chorar".

"Considero uma afronta a carta do general Braga Netto propondo a celebração de um golpe militar que vitimou milhares de brasileiros não só da política, da cultura, da sociedade civil, jornalistas. Portanto, nós não temos nada a comemorar sobre o golpe de 64. Nós temos é que chorar os mortos e os viciados por essa ditadura militar", afirmou.

Luiz Barroso, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), também lembrou a data em postagens no Twitter. Ele comentou que o período foi marcado "por "intolerância, violência contra os adversários e falta de liberdade".

"Ditaduras vêm com intolerância, violência contra os adversários e falta de liberdade. Apesar da crise dos últimos anos, o período democrático trouxe muito mais progresso social que a ditadura, com o maior aumento de IDH da América Latina", escreveu.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, escreveu hoje nas redes sociais que a ditadura de 1964 não deve ser exaltada.

"O dia 31/03 não comporta a exaltação de um golpe que lançou o país em anos de uma ditadura violenta e autoritária. Ao contrário: é momento de exaltar o valor da nossa democracia conquistada com suor e sangue. Viva o Estado de Direito. #DitaduraNaoSeComemora".

Oposição se manifesta sobre ditadura militar de 1964

Em nota, presidentes e presidentas da oposição declaram que a ditadura militar de 1964 deixou sequelas profundas na história do país, na vida das pessoas e famílias e para a democracia.

Para o grupo, os dias de hoje representam desafios semelhantes, com a "democracia correndo riscos sérios e objetivos" e que não há o que celebrar neste 31 de março.

"Não se pode negar que vivemos hoje desafios assemelhados, com a democracia correndo riscos sérios e objetivos, diante da escalada de um governo de pretensões claramente autoritárias, que não esconde tal intento de ninguém, e que tem se valido metodicamente de tentativas de cooptar tanto setores das polícias militares, quanto das próprias forças armadas, para implementar seu projeto político", escreveram.

De acordo com a oposição, Bolsonaro "destoa do povo", que precisa de saúde. "Conclamamos o povo brasileiro a rechaçar qualquer tentativa de restrição da democracia. Fora arbítrio, xô autoritarismo e viva o Brasil!", finalizam.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.