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Maia critica Guedes por proposta do Orçamento: 'aceita ser desmoralizado'

Rodrigo Maia disse que as medidas tomadas para viabilizar o Orçamento aprovado pelo Congresso desmontam as políticas fiscais - Danilo M. Yoshioka/Futura Press/Estadão Conteúdo
Rodrigo Maia disse que as medidas tomadas para viabilizar o Orçamento aprovado pelo Congresso desmontam as políticas fiscais Imagem: Danilo M. Yoshioka/Futura Press/Estadão Conteúdo

Colaboração para o UOL

21/04/2021 10h34

O deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ) e ex-presidente da Câmara dos Deputados, afirmou em entrevista à GloboNews que as medidas tomadas para viabilizar o Orçamento aprovado pelo Congresso desmontam as políticas fiscais e podem desestabilizar a economia brasileira.

Maia fez críticas ao ministro da Economia, Paulo Guedes, pela aprovação do Orçamento de 2021.

"O ministro Paulo Guedes vive do mesmo vírus do palácio, que é o vírus do bolsonarismo e da narrativa falsa. O Brasil vai crescer aproximadamente 3%, isso é pouco. Faço uma crítica em relação ao orçamento porque participei da construção na época do Michel Temer, com um olhar sobre as despesas, que infelizmente está sendo destruído pelo próprio ministro Paulo Guedes, que para continuar no cargo faz qualquer tipo de acordo e aceita uma narrativa que o desmoraliza", disse.

O ex-presidente da Câmara de Deputados afirmou que a proposta orçamentária pode ser considerada como um "fura-teto".

"O orçamento aprovado tem um rombo de no mínimo de 10 a 20 milhões, dependendo da análise dos economistas. A discussão é se aquilo que tem com a responsabilidade das despesas obrigatórias está correto ou está subestimado. Quem entende de contas públicas afirma que o governo está com o risco grande de não cumprir o orçamento. Por isso é um fura-teto, pois quando você corta uma despesa obrigatória você tem obrigação, principalmente na parte previdenciária de cumpri-la. Então você subestima o que está fazendo para atender emendas parlamentares, correndo o risco de parar a máquina pública. Você vai ter que ou cortar as emendas parlamentares ou a própria manutenção da máquina pública de recursos do governo federal", afirmou.

Maia também comentou sobre o pedido de impeachment do presidente Jair Bolsonaro, que não foi deflagrado na sua gestão.

"Sobre o impeachment, a esquerda fazia um discurso e sabia que não tinha voto no plenário para continuar a investigação. O deferimento do impeachment não gera a solução do afastamento do presidente. Você precisa de 342 votos no plenário e a maioria dos líderes de esquerda sabiam que não tinham todos esses votos, e hoje também não existe, na minha visão", disse.

"Para o impeachment precisa você ter uma grande convicção que aquilo vai andar, o deferimento do impeachment naquele momento e ainda hoje, no meu ponto de vista, geraria apenas um fortalecimento da posição política, o que o presidente gostaria, disseminar o discurso de que estão querendo tirá-lo do cargo, por isso o impeachment não avançou e não teve apoio concreto", completou.

O deputado do Rio de Janeiro também criticou o atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que é defensor da sanção do orçamento. Para Maia, o Congresso Nacional pressiona o governo para sancionar um orçamento ilegal para 2021.

"O vírus do bolsonarismo é uma coisa perigosa e vai contaminando todos que se aproximam do presidente da república, mas é claro que Arthur Lira teve uma vitória. Ele ganhou no voto e vai ganhar certamente na sanção, mas pode ser uma derrota na própria gestão dele para o país. Se ficar claro daqui 40 a 90 dias de que esse orçamento não é possível de ser realizado, o custo que o Brasil vai pagar vai ser muito grande. Não só o risco de parar a máquina pública, como também o risco de que prevalece os acordos em detrimento da constituição e da lei. A negociação política prevaleceu antes de tudo", completou.