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Dias cobra Anvisa e afirma: precisa alertar os 62 países que usam Sputnik

Wellington Dias coordena o Fórum Nacional dos Governadores - Reprodução/Instagram
Wellington Dias coordena o Fórum Nacional dos Governadores Imagem: Reprodução/Instagram

28/04/2021 22h14

O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), questionou a não recomendação da Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) para importação da vacina Sputnik V, produzida pelo instituto russo de pesquisa Gamaleya. O político é presidente do Consórcio Nordeste, que tem um acordo para adquirir mais 37 milhões de doses do imunizante.

À CNN Brasil, Dias pediu celeridade na análise dos documentos enviados pelos russos à Anvisa.

Instituto Gamaleya é uma dos mais respeitados do mundo. Neste caso, não é razoável dizer que não recebeu documentação [Anvisa]. Eu mesmo conversei com o relator confirmando o recebimento. São 16 mil páginas. A exemplo do que entregaram no México, na Argentina, na Hungria e 62 países. O que aconteceu nesses países que consideraram a documentação diferente do Brasil? Se for verdade o que diz a Anvisa, acho importante comunicar aos 62 países que estão utilizando."

No começo da semana, os cinco diretores da agência reguladora rejeitaram a aquisição e o uso da Sputnik V por parte do Brasil. Por conta da negativa, o governador lamentou que a entrega do primeiro lote com 400 mil doses esperadas para o fim deste mês tenha de ser revisto.

"O prejuízo que a gente tem nesse atraso em relação à liberação da licença de importação é que perdemos a entrega do lote que estava previsto para abril. Agora vamos ter de negociar para que tenhamos um novo cronograma de entrega para maio", disse.

Paralelo ao consórcio formado por alguns estados do Nordeste, o governo federal firmou um acordo em março para importação de dez milhões de doses da vacina russa.

Semana passada, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski determinou que a Anvisa responda em 30 dias sobre os pedidos feitos pelos governos do Piauí e do Amapá de importação emergencial da Sputnik V. O mesmo já havia sido pedido em relação ao Ceará. O prazo conta a partir da data de formalização da solicitação de cada governo estadual.

Dificuldades na liberação da vacina se arrasta desde dezembro de 2020

Ainda no fim do ano passado, o laboratório brasileiro União Química, responsável pela produção do imunizante no país, solicitou à Anvisa para realizar a fase 3 no Brasil com a vacina. No entanto, a autarquia apontou que os critérios necessários não foram cumpridos e o pedido foi rechaçado. Após uma flexibilização nos requisitos, um segundo pedido foi feito em março., mas a análise está suspensa.

Também em entrevista à CNN, o gerente-geral de medicamentos da Anvisa, Gustavo Mendes, afirmou que a aplicação dessa vacina nas pessoas pode trazer efeitos desconhecidos.

"A gente foi muito claro em dizer que um dos aspectos principais e que repercutiu bastante foi a presença desse adenovírus replicante. A gente observou isso pelas informações prestadas pelo próprio Instituto Gamaleya. A replicação desse vírus é uma questão preocupante. Esse é um vírus modificado geneticamente, então não temos a segurança, nenhum estudo que mostre essa segurança para gente", alertou.

Medes garantiu que a análise não se deu por bases política, mas técnicas.

"Nós somos técnicos que estamos trabalhando a muito tempo nesse tipo de análise. Estamos aplicando os mesmos critérios para vacinas que a gente já aprovou, inclusive que utilizam adenovírus. Isso precisa ficar muito claro. Nossa posição é técnica, não tem aspecto político. Não inviabilizamos a vacina. Uma outra opção, além de provar a segurança desse vírus replicante, é a empresa mudar seu processo de fabricação para evitar a presença desse vírus. A gente sabe que é uma vacina que tem um princípio que faz sentido, mas precisa desses ajustes", destacou.