Topo

Esse conteúdo é antigo

Mandetta afirma que Bolsonaro divergiu das orientações para conter pandemia

O ex-ministro da Saúde, Luiz Henriquer Mandetta, falou sobre divergências da pasta com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) - Adriano Machado
O ex-ministro da Saúde, Luiz Henriquer Mandetta, falou sobre divergências da pasta com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) Imagem: Adriano Machado

Do UOL, em São Paulo

04/05/2021 12h34Atualizada em 04/05/2021 12h52

Durante o depoimento da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid no Senado, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta disse que houve divergências entre ele o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre a condução do enfrentamento da pandemia.

Ao ser questionado pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL), Mandetta afirmou que todas as recomendações que fez durante a sua gestão no Ministério da Saúde foram baseadas na "ciência, na vida e na proteção".

Todas as recomendações, as fiz com base na ciência, vida e proteção. As fiz em público, todas as manifestações de orientação dos boletins. As fiz nos conselhos de ministros, as fiz diretamente ao presidente, as fiz diretamente a todos os secretários estaduais, todos os secretários municipais, a todos aqueles que de alguma maneira tinham no seu escopo que se manifestar sobre o assunto sempre Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde do governo Bolsonaro

Na sequência, Calheiros tentou simplificar as justificativas de Mandetta, questionando diretamente se havia divergências com o presidente Bolsonaro.

Então houve, permita-me simplificar, discordância com a sua posição com a do presidente da república?
Senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid

Ao que Mandetta confirmou, dizendo que "sim", justificando que, assim como na vida pública assumiu compromissos com a prestação de serviços com a população, antes mesmo ele havia feito juramentos como médico a fim de proteger a saúde das pessoas.

Mandetta também disse lembrar que Bolsonaro falou que adotaria o chamado "confinamento vertical", algo que o Ministério da Saúde não recomendava.

Questionado se o Ministério da Saúde recomendou o uso da cloroquina, medicamento sem eficácia comprovada para tratar o coronavírus e amplamente divulgado pelo presidente Jair Bolsonaro, Mandetta respondeu: "Não, apenas para uso compassivo, inclusive após falar com o Conselho Federal de Medicina. Uso em pacientes graves, e a margem da segurança dela é estreita", disse.

Ela é um medicamento que tem uma serie de reações adversas, e a automedicação com cloroquina poderia ser muito perigosa para as pessoas
Luiz Henrique Mandetta

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.