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Na CPI, Queiroga infla índice de vacinados com duas doses no Brasil

Do UOL, em São Paulo

06/05/2021 14h08Atualizada em 06/05/2021 17h24

O ministro da Saúde Marcelo Queiroga voltou a inflar a proporção de pessoas que receberam as duas doses da vacina contra o coronavírus no Brasil. Desta vez, as declarações foram dadas durante seu depoimento na CPI da Covid.

Queiroga foi questionado por Otto Alencar (PSD-BA) sobre o percentual de vacinados e disse que 17% da população "vacinável" do PNI (Plano Nacional de Vacinação) — ou seja, aquela com idade igual ou maior que 18 anos — já havia recebido duas doses de alguma vacina. No entanto, dados do próprio governo indicam que este patamar é inferior.

Superamos 17% e a prova da eficácia dessa ação já se reflete na queda de mortes de indivíduos idosos
Marcelo Queiroga

Segundo o IBGE, no fim de 2020, o Brasil tinha 163,9 milhões de pessoas com 18 anos ou mais. O Vacinômetro do Ministério da Saúde apontava na tarde de hoje 14,8 milhões de vacinados com a segunda dose, o que representa 9% dos brasileiros com 18 anos ou mais.

Já de acordo com o levantamento do consórcio dos veículos de imprensa, até ontem (5), 17.039.463 brasileiros já tinham recebido as duas doses, o que equivale a pouco mais de 10% da população com 18 anos ou mais — ou 8,05% do total de habitantes do país

Até o dia de hoje, 33.404.333 pessoas receberam pelo menos uma dose de vacina contra a doença. Para que uma pessoa seja considera inteiramente imunizada contra a doença, são necessárias as duas doses completas das vacinas. É o que recomenda os laboratórios produtores da CoronaVac e da Oxford/AstraZeneca, por enquanto os dois únicos imunizantes aplicados no país.

Na última segunda, depois de participar de uma reunião fechada na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), em São Paulo, o ministro já havia afirmado que o percentual de vacinados com duas doses era de 18% do chamado "público vacinável".

"O Brasil já imunizou 18% da sua população com as duas doses da vacina. Estamos muito entusiasmados com a perspectiva de vacinar toda nossa população até o final do ano. Estou tranquilo em relação a essa previsão, associada à ampla campanha de vacinação que já estamos fazendo em parceria com estados e municípios", disse Queiroga.

Procurado pela reportagem o Ministério da Saúde disse que, na segunda, o ministro se referiu à porcentagem do "grupo prioritário já vacinado com as duas doses, que é de 18%".

Queiroga também divulgou dados sobre doses de vacinas contra a covid-19 contratadas que contradizem números informados anteriormente pelo próprio governo federal.

"O Ministério da Saúde não divulgou doses que estão em negociação. (...) 430 milhões [de doses de vacinas] estão contratadas, segundo me informou o nosso secretário-executivo", disse ao senadores da CPI hoje.

A pasta chegou a divulgar, sim, a contratação de 560 milhões de doses tanto em peças de propaganda, quanto em declarações públicas de Queiroga. Em 24 de março, o Ministério da Saúde divulgou no Twitter vídeo de 30 segundos informando que "já foram comprados mais de 560 milhões de doses" de vacinas. No dia 31, Queiroga repetiu o número.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.