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Witzel diz que prisão de suspeitos de matar Marielle motivou impeachment

28.ago.2020 - Governador afastado do Rio, Wilson Witzel (PSC) chega ao julgamento do processo de impeachment aberto pela Assembleia Legislativa - Wilton Júnior/Estadão Conteúdo
28.ago.2020 - Governador afastado do Rio, Wilson Witzel (PSC) chega ao julgamento do processo de impeachment aberto pela Assembleia Legislativa Imagem: Wilton Júnior/Estadão Conteúdo

Colaboração para o UOL

07/05/2021 09h12Atualizada em 07/05/2021 09h52

Wilson Witzel (PSC) foi afastado do governo do Rio de Janeiro na última sexta-feira (30). Em entrevista à Época, o ex-governador disse que o pontapé inicial para o processo de impeachment, que ele considera antidemocrático, foi a prisão dos acusados de assassinar a vereadora Marielle Franco.

Na entrevista, Witzel criticou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o atual governador do estado, Cláudio Castro (PSC), e a subprocuradora da República Lindôra Araújo, autora do pedido de impeachment.

Segundo contou à entrevista, Bolsonaro rompeu com Witzel logo depois de os acusados de assassinar a vereadora Marielle Franco serem presos. Sobre Cláudio Castro, ele disse que, com a ajuda do presidente, a intenção do vice era tirar um delegado federal que o investigava por suspeitas de corrupção.

Já Lindôra, segundo o ex-governador, foi cooptada, ao lado do procurador-geral da República Augusto Aras, pelo Palácio do Planalto e atuou perseguindo os desafetos do presidente.

Como tudo começou

Em 2018, Witzel disse que pretendia se candidatar ao Planalto em 2022 e que, na ocasião, foi apoiado por Bolsonaro. Em abril de 2019, no entanto, o presidente pediu para que o governador parasse de falar sobre o assunto, já que teria mudado de ideia e pretendia tentar a reeleição.

"O incômodo maior de Bolsonaro comigo foi a prisão dos assassinos da Marielle, e um deles residindo dentro do condomínio dele", disse à entrevista. Witzel acredita que foi neste momento em que seu Castro, seu vice, começou a se afastar e se aliar à família Bolsonaro.

O ex-governador justifica sua hipótese ao dizer que Castro teria expressado descontentamento, no início de 2019, com as investigações contra ele. "Ele comentou comigo que o controlador-geral do estado, o delegado Bernardo Barbosa, estava fazendo uma investigação desnecessária e que na prática o Ministério Público estava dentro do governo", disse Witzel à Época.

Dias depois, segundo relatou o ex-governador, um ofício do Ministério da Justiça pedia de volta os delegados federais que foram cedidos ao Rio de Janeiro — entre eles, Barbosa.

"Tentei conversar com Sergio Moro, mas ele disse que era ordem do presidente chamar os delegados de volta. E disse que eu deveria parar de falar que seria candidato a presidente". Na época, Castro também teria se queixado, isso no segundo semestre de 2019, de descobrir as investigações contra ele apenas pelos noticiários da TV.

Interferência no caso Marielle

Witzel admitiu em maio do ano passado que interferiu na estratégia da Polícia Civil para a investigação da morte de Marielle e o motorista Anderson Gomes.

Ao Roda Viva, da TV Cultura, o ex-governador disse que sugeriu ao delegado responsável que prendesse imediatamente os executores do crime, mesmo sem saber sobre a existência de um possível mandante para o crime.

À Época, Witzel disse que a última conversa amistosa com Bolsonaro foi em 2019. "Logo depois, veio a questão do porteiro e aí, com a divulgação do testemunho do porteiro, definitivamente cortou as relações comigo e não quis mais dialogar politicamente com o Estado do Rio de Janeiro", disse.