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Barra Torres nega aprovação de protocolo de uso da cloroquina pela Anvisa

Luciana Amaral, Hanrrikson de Andrade e Rafael Bragança

Do UOL, em Brasília e São Paulo

11/05/2021 14h14

O diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antonio Barra Torres, negou hoje em depoimento à CPI da Covid que a agência federal sob seu comando tenha aprovado um protocolo de uso da cloroquina para tratamento de pacientes com covid-19. Barra Torres foi questionado sobre uma medida tomada pelo governo federal logo após a posse do ex-ministro Eduardo Pazuello, em maio do ano passado.

"O que houve de aprovação de protocolo foi de estudo, não de uso. Os protocolos de uso já havia no Ministério [da Saúde], mas ai é uma questão do Ministério", disse Barra Torres ao ser questionado pela comissão instaurada no Senado.

"Jamais aprovamos protocolo de tratamento com medicação off label. A Anvisa não trabalha em absoluto com off label", acrescentou o diretor da agência federal, se referindo ao termo em inglês que define a prescrição médica de remédio para uso diferente do que indica a bula do medicamento.

No caso da cloroquina e da hidroxicloroquina, medicamentos reconhecidos como eficazes no tratamento da malária, a prescrição para pacientes infectados pelo coronavírus não consta na bula dos remédios, já que sua eficácia não foi comprovada cientificamente.

Até o presente momento, no mundo todo, os estudos apontam a não eficácia comprovada [da cloroquina] em estudos ortodoxamente regulados, ou seja, placebos controlados, duplo-cego e randomizados. Então, até o momento, as informações vão contra a possibilidade do uso na covid-19
Antonio Barra Torres, diretor-presidente da Anvisa

Barra Torres ainda se colocou contra a indicação de "tratamento precoce", amplamente defendido por Jair Bolsonaro (sem partido) e, por meses, pelo Ministério da Saúde, e disse procurar se "manter completamente fora" de qualquer conversa sobre o tema com o presidente da República.

O chefe da Anvisa defendeu a testagem e o diagnóstico precoce, junto ao tratamento de sintomas sentidos pelo paciente, sem incluir a cloroquina.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.