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Aziz diz que Queiroga mentiu mais que Wajngarten e manda recado a Pazuello

Do UOL, em São Paulo

12/05/2021 20h22Atualizada em 12/05/2021 22h14

Apesar de negar pedidos de prisão de Fabio Wajngarten o presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), criticou o recuo do ex-secretário de Comunicação dos ataques que fez ao governo Jair Bolsonaro e disse que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, "mentiu muito mais" ao depor à Comissão Parlamentar de Inquérito na semana passada

"Vi [na TV durante o intervalo da CPI] o atual ministro [Marcelo Queiroga], que vai voltar aqui porque mentiu muito, mentiu demais, mentiu até mais do que você", afirmou Aziz.

"Mas ele [Queiroga] vai voltar, e aí ele vai ter que dizer... como ele diz que 'nunca é tarde' depois de 425 mil mortes?! O ministro da Saúde diz que 'nunca é tarde'. Nunca é tarde para você, ministro, que não perdeu nenhum familiar, não é tarde para você, ministro, que não perdeu amigos. Não é tarde para você que não ficou órfão. É tarde sim, ministro. Nós poderíamos ter resolvido isso muito antes."

Em seguida, Aziz mandou recado para outras pessoas que ainda irão depor à CPI, como o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. O seu depoimento está previsto para ocorrer na semana que vem, no dia 19.

"Então, hoje, não duvidem porque não tomei a decisão que muitos queriam [o do pedido de prisão]. Mas não se iludam que eu não vou ter essa mesma parcimônia em relação aos outros depoentes que vamos ter por aqui. Tenha certeza disso. Se alguém achar que vão brincar com essa CPI, estão muito enganados", afirmou.

Wajngarten prestou depoimento à CPI da Covid, que investiga ações e eventuais omissões do governo federal em meio à pandemia, além de fiscalizar recursos da União repassados a estados e municípios. Os senadores questionam Fabio Wajngarten principalmente sobre a participação dele na negociação de vacinas contra a covid-19 da Pfizer —uma carta da farmacêutica ficou parada por dois meses à espera de uma resposta do governo federal— e supostos erros nas campanhas de comunicação do governo quando ele estava à frente da área.

O relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL), reclamou por diversas vezes sobre o comportamento de Wajngarten durante o seu depoimento e disse que faria um pedido de prisão contra ela. A seu ver, o publicitário e ex-membro do governo de Bolsonaro deu respostas escorregadias ou em contradição ao teor da entrevista que ele havia dado à revista Veja, no final de abril deste ano.

De acordo com a Constituição, em oitivas realizadas por uma CPI, os intimados são obrigados a falar a verdade, sob risco de receberem voz de prisão caso seja confirmado, em flagrante, algo que não corresponda à realidade dos fatos.

Em nota divulgada à imprensa após a audiência, a defesa de Wajngarten afirma que ele "jamais faltou com a verdade e nem teve a intenção de fazê-lo". A falar de incompetência à Veja, diz a defesa, o publicitário "se referia à morosidade da equipe do Ministério da Saúde, mas não ao ministro Eduardo Pazuello".

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.