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Wajngarten perde influência no governo, e futuro de indicados está em xeque

Fábio Wajngarten disse a revista que atuou por aquisição de vacinas - Reprodução/Flickr Palácio do Planalto
Fábio Wajngarten disse a revista que atuou por aquisição de vacinas Imagem: Reprodução/Flickr Palácio do Planalto

Lucas Valença

Colaboração para o UOL, em Brasília

12/05/2021 04h00Atualizada em 12/05/2021 10h27

O ex-secretário-executivo da Presidência Fábio Wajngarten, que será ouvido na CPI da Covid hoje, vem perdendo influência no Ministério das Comunicações, chefiado atualmente por Fábio Faria. Segundo servidores da própria pasta ouvidos pelo UOL, pessoas indicadas por ele na pasta deverão ser trocadas por nomes ligados ao vereador do Rio Carlos Bolsonaro (Republicanos).

Dentre os servidores que estão na possibilidade de serem exonerados, estão o secretário de Publicidade e Propaganda, Rodrigo Fayad, responsável pelo contato com as principais agências de publicidade do país, e a subsecretária de Imprensa, Stéfane Maia.

Ambos os servidores são entendidos como próximos a Fábio Wajngarten, que ainda possui influência nas decisões do ministério, de acordo com as fontes ouvidas pela reportagem, e que pediram para não serem identificadas.

O UOL procurou a Secom na noite desta terça-feira (11) e aguarda retorno. Se a pasta se posicionar, o comunicado será incluído nesta reportagem.

Manutenção de indicados

Nomes ligados ao publicitário não foram trocados durante a gestão de seu sucessor, o almirante Flávio Rocha, retirado da função após Carlos Bolsonaro considerar que o militar "mantinha uma estratégia errada de comunicação".

Por conta da pandemia do novo coronavírus, integrantes do governo federal passaram a se incomodar com as notícias divulgadas por veículos tradicionais de comunicação, o que, para o parlamentar municipal, não seria tolerável.

O filho "02" de Jair Bolsonaro (sem partido) é um dos responsáveis por mapear as possíveis alterações no ministério, que já teriam sido acertadas com o novo secretário-executivo, André de Sousa Costa, ligado ao ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) Jorge Oliveira e ao atual ministro da Justiça, Anderson Torres.

Já sabendo que pode ser retirado da atual função, Rodrigo Fayad avisou que, caso seja "mandado embora", como ressaltou uma fonte do próprio ministério, vai pedir para todos os subordinados pedirem exoneração ao mesmo tempo, para tentar "parar a Secom". O plano, porém, é de difícil execução.

Depoimento esperado

Na CPI da Covid, senadores avaliam se o publicitário cometeu "tráfico de influência" ao afirmar à revista "Veja" que tentou atuar junto ao Ministério da Saúde para que a pasta comprasse vacinas da Pfizer no período em que a pasta era comandada pelo general Eduardo Pazuello,

As declarações evitaram atingir Bolsonaro, mas foram entendidas como um ataque ao militar que irá depor no dia 19 deste mês na comissão. A entrevista, porém, não foi bem recebida pela cúpula palaciana.

Os questionamentos ao ex-governista devem ser direcionados ao suposto lobby feito por Wajngarten.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.