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Às vésperas de depoimento, Aziz diz que Capitã Cloroquina fez AM de cobaia

Mayra Pinheiro ("capitã cloroquina") tem o direito de ficar em silêncio durante seu depoimento à CPI da Covid - Júlio Nascimento/PR
Mayra Pinheiro ("capitã cloroquina") tem o direito de ficar em silêncio durante seu depoimento à CPI da Covid Imagem: Júlio Nascimento/PR

Colaboração para o UOL

22/05/2021 11h33

O presidente da CPI da Covid, o senador Omar Aziz (PSD-AM), criticou hoje a médica Mayra Pinheiro — apelidada de "capitã cloroquina" —, secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, que vai depor na CPI, na próxima terça-feira (25), às 9h.

"Ela fez o meu estado (Amazonas) de cobaia e vai ter que responder sobre a medicação que ela propagou, tratamento precoce. Ela foi para dentro dos hospitais pedindo para médicos usarem isso", afirmou Aziz em entrevista à CNN.

O senador reforçou que mesmo com o direto de ficar em silêncio durante o depoimento, concedido pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski, ela terá que responder sobre o tratamento precoce e o aplicativo TrateCov . "Nós iremos fazer quantas perguntas forem necessárias. Ela não vai falar sobre a questão da falta de oxigênio, mas em relação ao aplicativo e tratamento precoce ela vai ter que falar."

Direito de ficar em silêncio

O ministro Ricardo Lewandowski, do STF (Supremo Tribunal Federal), concedeu ontem a Mayra Pinheiro o direito de ficar em silêncio durante seu depoimento à CPI da Covid quanto aos fatos ocorridos entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021 — justamente quando o Amazonas vivia um colapso na saúde.

A decisão vem após pedido de reconsideração feito pela defesa de Mayra a Lewandowski. Assim como o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, a secretária tentou conseguir um habeas corpus preventivo para que pudesse ficar calada, se assim o quisesse, quando interrogada pelos senadores.

O HC e o pedido de reconsideração foram negados, mas agora Lewandowski abriu uma exceção para o período entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021. Isso porque Mayra, assim como Pazuello, é ré em uma ação que investiga se houve omissão de agentes públicos na crise sanitária no Amazonas.

Mayra não pode, porém, ficar em silêncio sobre outros aspectos de sua atuação na Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde, vinculada ao Ministério da Saúde, bem como sobre as demais questões que vierem a ser formuladas pelos parlamentares.

Explicações sobre TrateCov

Mayra Pinheiro também terá que dar explicações sobre um aplicativo desenvolvido pelo Ministério da Saúde, o TrateCov, recomendando o uso de cloroquina para tratar pacientes de covid-19, ainda que o remédio seja ineficaz. À CPI, Pazuello disse que a ideia partiu da secretária, mas o programa "nunca chegou a ser lançado oficialmente".

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.