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'Induzir imunidade pelo efeito rebanho é extremamente perigoso', diz Mayra

Rayanne Albuquerque e Hanrrikson de Andrade*

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

25/05/2021 12h31Atualizada em 25/05/2021 15h44

A servidora do Ministério da Saúde Mayra Pinheiro, conhecida como "Capitã Cloroquina", criticou o isolamento social e medidas de restrição como o lockdown em depoimento à CPI da Covid na manhã de hoje.

Ao mesmo tempo, Pinheiro falou em oitiva ao colegiado que induzir a imunidade de rebanho — tese defendida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) — é "extremamente perigoso".

Você induzir a imunidade pelo efeito de rebanho é extremamente perigoso para grandes populações. Você não sabe quantas pessoas vão precisar ser submetidas a esse tipo de teoria e ela pode gerar milhares de óbitos. Então eu não concordo com isso, de forma generalizada. Em pequenos grupos populacionais isso pode ser usado
Mayra Pinheiro

A secretária havia sido questionada pelo vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito se concordava com o isolamento vertical e relembrou que o presidente Bolsonaro disse em dezembro do ano passado, diante do avanço da pandemia, que a melhor vacina contra a covid-19 é o vírus.

Isolamento apenas para idosos

No início da sessão, no turno da manhã, a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde defendeu que as crianças voltassem às escolas e que apenas os idosos fossem isolados.

Pinheiro negou ter defendido a imunidade de rebanho e disse que sua rejeição ao isolamento era somente em relação às crianças. Ao ser questionada pela senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), a secretária declarou que há um prejuízo causado às crianças que não estão frequentando as escolas.

Em contrapartida, a parlamentar alegou que "as crianças não vão sozinhas à escola" e citou que parentes e corpo docente poderiam adoecer com a covid-19. Mayra Pinheiro rebateu o argumento e, nessa hora, afirmou que os idosos poderiam ser isolados para não serem contaminados com a doença.

"Eu tive a melhor vacina, o vírus"

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) minimizou os efeitos da pandemia da covid-19 e os riscos da contaminação em massa. Em dezembro do ano passado, Bolsonaro havia reduzido a credibilidade sobre a eficiência das vacinas e alegou que a "melhor vacina" é o "vírus".

Em seguida, acrescentou: "sem efeito colateral". Pelo vídeo, não fica claro o contexto da fala. Em declarações anteriores, Bolsonaro já avisou que não tomaria a vacina por já ter contraído o vírus.

Na altura, Bolsonaro defendia que o imunizante não seja obrigatório, já que ainda é "experimental" e criticou a "pressa" pela vacina.

O discurso do presidente foi feito em São Francisco do Sul, em Santa Catarina.

* Colaborou Ana Carla Bermúdez

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.