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Doria diz que CPI da Covid tem sido 'firme' e que não teme convocação

"Quem não deve, não teme. Me convoquem e eu lá estarei", disse o governador paulista - Vinicius Nunes/Estadão Conteúdo
"Quem não deve, não teme. Me convoquem e eu lá estarei", disse o governador paulista Imagem: Vinicius Nunes/Estadão Conteúdo

Lucas Borges Teixeira, Rafael Bragança e Henrique Sales Barros

Do UOL, em São Paulo

26/05/2021 14h34Atualizada em 26/05/2021 15h09

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), elogiou hoje a condução da CPI da Covid nas últimas semanas, quando foram ouvidos no Senado três ex-ministros da Saúde e o diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antônio Barra Torres. Doria disse que vê a comissão com uma atuação "firme", e afirmou que comparecerá ao Congresso caso seja convocado.

Hoje, a CPI aprovou a convocação para depor de nove governadores em exercício do mandato e do ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel. Doria não está entre os chefes de governos estaduais que serão ouvidos pelos senadores.

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Minha avaliação da CPI como governador e cidadão é que ela está conduzindo bem, tem sido firme e objetiva no questionamento de todos aqueles que lá comparecem e tem procurado manter um nível de isenção adequada do ponto de vista político, eleitoral, e focada na questão técnica e primordial, que é a identificação das falhas que de fato ocorreram, foram muitas e foram graves, na conduta da pandemia.
João Doria, governador de São Paulo

Mesmo tendo ficado de fora das novas convocações para depor, que incluem governadores de estados com suspeitas de desvios nos recursos destinados ao combate à pandemia, Doria disse hoje em entrevista coletiva sobre a pandemia que não tem problemas em dar seu depoimento aos senadores. Caso convocado, disse que falará a verdade.

"A prioridade, pelo que pude ler, da CPI, é para governadores que tenham tido investigação da Polícia Federal. São Paulo não teve nenhuma investigação da Polícia Federal, até porque não há o que investigar aqui, nenhuma irregularidade foi cometida aqui no estado de São Paulo", disse.

Mas quero deixar claro: se for convocado, convidado, solicitado a estar na CPI, lá estarei. Mas eu quero deixar bastante claro para governistas, bolsonaristas e outros istas, que vou falar a verdade. E vai piorar muito a situação daqueles que, ao ouvirem a verdade, serão classificados ainda mais fortemente como negacionistas e pessoas que contribuíram para a morte de brasileiros que poderiam estar vivos. Quem não deve, não teme: me convoquem e eu lá estarei.
João Doria, governador de São Paulo

Doria ainda lembrou que amanhã a CPI terá o depoimento do diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, que foi convocado nesta semana para dar esclarecimentos sobre o processo de compra da CoronaVac pelo governo federal. Inicialmente, estava marcada para esta quinta-feira a sabatina do ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde, o coronel Élcio Franco, mas ele pediu o adiamento porque teve um diagnóstico positivo para a covid-19.

Doria provoca Eduardo Bolsonaro

Pouco após a coletiva sobre a pandemia realizada no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, o governador paulista publicou no Twitter uma provocação em resposta ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Doria respondeu a um post do filho filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A publicação insinuava que o governador seria chamado pela CPI por suposto atraso na compra de medicamentos do "kit intubação".

Eduardo compartilhou uma notícia que falava sobre o atraso na compra dos remédios. Na ilustração da matéria, Doria aparece segurando um ovo de galinha, que é o meio utilizado pelo Butantan para a produção da ButanVac, a vacina contra a covid-19 da instituição que ainda aguarda autorização da Anvisa para a realização de testes em humanos.

"Bananinha [apelido usado por Doria para chamar o deputado], enquanto você produz fake news e cloroquina, com esse ovo vamos produzir 2 doses da Butanvac. Podem me chamar na CPI que vou. Quem não deve, não teme. Não foge de CPI nem do Coaf [Conselho de Controle de Atividades Financeiras]", disse Doria, lembrando o órgão que indicou os indícios da prática de "rachadinha" pelo senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), irmão de Eduardo.

"Sobre os kits intubação, estamos fazendo aqui o trabalho que o papai não fez", completou o governador.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.