Topo

Esse conteúdo é antigo

Senadores da CPI da Covid criticam realização da Copa América no Brasil

Do UOL, em São Paulo

31/05/2021 16h26Atualizada em 31/05/2021 16h54

Senadores que integram a CPI da Covid no Senado criticaram hoje o anúncio feito pela Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) de que, com apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a Copa América, principal torneio sul-americano de seleções, será realizada no Brasil.

Os opositores do governo na CPI aproveitaram o fato do governo federal ter dado apoio à CBF (Confederação Brasileira de Futebol) para a realização do evento para relembrar a demora do Executivo em responder emails da Pfizer sobre compras de vacinas contra a covid-19.

No Twitter, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que atua como vice-presidente da CPI e se disse "amante do futebol" — "mas sou defensor da VIDA (sic)!" —, afirmou que o governo federal parece ter prioridades "bem estranhas" no enfrentamento da pandemia.

Foram nove meses para responder a Pfizer e trinta minutos para responder a Conmebol. Senador Randolfe Rodrigues, vice-presidente da CPI da Covid

O UOL Esporte apurou que, até a manhã de hoje, o Brasil sequer estava no radar da Conmebol para realizar o torneio, que, de início, deveria acontecer na Argentina e na Colômbia.

Primeiramente, a Conmebol procurou a CBF para saber da disponibilidade de sediar o evento no Brasil. A confederação brasileira, então, também na manhã de hoje, pediu um aval do governo federal, que o concedeu em seguida.

"Se o presidente tivesse tido essa agilidade para responder à Pfizer como foi com a Conmebol, certamente poderíamos estar recebendo esse evento", acrescentou Randolfe.

Colocando o presidente da CBF, Rogério Caboclo, na mira da CPI, Randolfe também disse que está protocolando um requerimento para convocar o mandatário ao Senado.

"É necessário saber quais as medidas foram planejadas para garantir segurança sanitária aos brasileiros diante da realização da Copa América", pontuou.

'Escárnio'

Relator da CPI da Covid, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) também adotou um tom crítico ao governo federal ao se pronunciar, relembrando ofertas de vacinas que "mofaram em gavetas".

Com mais de 462 mil mortes, sediar a Copa América é um campeonato da morte. Sindicato de negacionistas: governo, Conmebol e CBF. As ofertas de vacinas mofaram em gavetas, mas o ok para o torneio foi ágil. Escárnio. Senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid

Já Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI, resolveu adotar uma posição contrária às do vice-presidente e do relator, dizendo não ver problemas na realização da Copa América no Brasil.

"Se não tiver público e tiver todas as garantias sanitárias, com certeza absoluta, não vejo grandes problemas, porque nós temos já campeonatos andando", opinou o senador, segundo registro da Reuters.

Bancada do PT

Os dois senadores do PT na CPI da Covid — Humberto Costa (PE) e Rogério Carvalho (SE) — também repudiaram a realização, no Brasil, do maior torneio de seleções da América do Sul.

Humberto, que é titular da comissão, pediu que os governadores se posicionem contrariamente ao "grande absurdo" que é a realização do torneio em terras brasileiras, postura esta que já foi adotada pelo governador do estado do senador, Paulo Câmara (PSB).

Enquanto o povo cobra movimentos do governo no caminho da vacinação, Bolsonaro dá mais uma demonstração de descaso e insanidade, confirmando a Copa América no Brasil. Senador Humberto Costa (PT-PE), membro titular da CPI da Covid

Já Rogério, suplente de Humberto, fez coro com Randolfe — "quase um ano para responder a oferta de vacinas da Pfizer e menos de 24 horas para responder a oferta da Conmebol" — e questionou "qual a prioridade deste governo".

Relembrando o fato de a Argentina ter recusado ser sede do torneio por causa do avanço da pandemia do novo coronavírus no país, o senador sergipano disse que "é inaceitável" que o Brasil tome esta atitude, que expõem "ainda mais os brasileiros ao risco de morte".

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.