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Expulso do Patriota, vereador critica Bolsonaro: 'pior coisa da política'

Gabriel Azevedo, vereador em Belo Horizonte, disse que já recebeu 15 convites de partidos para se filiar - Instagram/Reprodução
Gabriel Azevedo, vereador em Belo Horizonte, disse que já recebeu 15 convites de partidos para se filiar Imagem: Instagram/Reprodução

Sara Baptista

Do UOL, em São Paulo

02/06/2021 17h53

O vereador de Belo Horizonte Gabriel Azevedo foi expulso do Patriota ontem por reiteradamente se posicionar contra a família Bolsonaro. Hoje, ele reforçou suas críticas ao presidente Jair Bolsonaro e seus filhos: "A família Bolsonaro foi a pior coisa que já aconteceu na política brasileira".

"Eu sou uma pessoa que preza pelo regime democrático, lamento sempre por alguém que não preze pelo regime democrático se sentar em qualquer recinto", disse o vereador em entrevista ao UOL ainda em referência à família do presidente.

Gabriel Azevedo participava de uma reunião da Comissão de Legislação e Justiça na tarde de ontem quando foi avisado que o presidente do Patriota de Minas Gerais, Hércules Marques de Sá, estava em seu gabinete. Ao chegar na sala, o vereador recebeu um ofício de expulsão.

Segundo Gabriel, a notícia foi uma surpresa, mas ele a recebeu com "muita tranquilidade". "Não é a primeira vez que eu fico sem partido", explicou, referindo-se a quando a sigla pela qual foi eleito para seu mandato anterior, o PHS, foi extinta e incorporada ao Podemos devido à cláusula de barreira.

O documento da expulsão, assinado por Hércules, destaca os posicionamentos do vereador contrários a Bolsonaro: "O senhor, por reiteradas vezes, posicionou-se veementemente contra o atual presidente da República bem como a outros parlamentares ligados à sua família".

"Fica claro que a atitude beligerante demonstrada em mais de uma ocasião pode comprometer não só as relações internas, como também as relações políticas do Patriota", justifica o texto.

O senador Flávio Bolsonaro anunciou na última segunda (31) sua filiação ao Patriota. Um dia depois, ele informou que seu pai, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), havia sido convidado para se juntar à legenda.

Gabriel Azevedo deu início a sua carreira política em movimentos de renovação como o Livres e o RenovaBR. Ele defende que a lei eleitoral seja alterada com o objetivo de possibilitar candidaturas independentes. Hoje em dia, só pode concorrer nas eleições, sejam elas nacionais, estaduais ou municipais, quem estiver filiado a um partido político.

Segundo o vereador, a escolha pelo Patriota, antes das eleições de 2020, se deu porque o partido aceitou seu compromisso de independência. O acordo é inclusive mencionado no ofício de expulsão.

De acordo com as regras vigentes, se quiser se candidatar novamente, ele precisará se filiar a uma nova sigla. Segundo Gabriel Azevedo, ele já recebeu convites de 15 partidos (PSD, PSDB, Podemos, PSB, Cidadania, PTC, Progressistas, Novo, DEM, MDB, PL, Republicanos, Avante, PV e Rede).

O vereador conta ainda que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM), o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD) e o senador Antonio Anastasia (PSD) entraram em contato diretamente com ele para convidá-lo a se juntar às suas siglas. "Todos me ligaram, mandaram mensagem, uma gente muito simpática".

Ainda durante a sessão da Câmara de Belo Horizonte ontem, pouco depois de compartilhar a notícia de sua expulsão, a presidente da casa, Nely Aquino (Podemos) também o convidou. "As portas do Podemos estão abertas. Juntos, podemos mais", disse.

Com tantas cartas na mesa, ele não se precipita em dizer seu futuro: "tenho que sentar e pensar com calma".