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Randolfe: Temos como provar que 80 mil morreram por omissão do governo

Senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP) é vice-presidente da CPI da Covid  - PEDRO FRANÇA/AGÊNCIA SENADO
Senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP) é vice-presidente da CPI da Covid Imagem: PEDRO FRANÇA/AGÊNCIA SENADO

Do UOL, em São Paulo

07/06/2021 16h56Atualizada em 07/06/2021 17h11

O vice-presidente da CPI da Covid, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que a culpa pela morte de mais de 80 mil brasileiros pela covid-19 é culpa da gestão federal. As declarações tomam como base dois ofícios obtidos pelo portal O Antagonista que reforçam a tese de que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) recebeu as cartas da farmacêutica Pfizer com propostas para a compra de vacinas, mas ignorou.

Documentos divulgados hoje comprovam que o próprio presidente [Jair Bolsonaro] recebeu comunicação da Pfizer e não tomou as providências que a urgência da pandemia pedia. Já temos elementos suficientes para provar o que já sabíamos: mais de 80 mil brasileiros morreram por omissão do governo!
Randolfe Rodrigues (Rede-AP)

Os documentos foram enviados em 12 de setembro de 2020 pelo CEO mundial da Pfizer, Abert Bourla e chegaram ao gabinete de Bolsonaro. Os ofícios foram acessados por O Antagonista comprovam que a carta ficou dois dias no gabinete presidencial aguardando um posicionamento.

A resposta foi enviada no dia 14 de setembro informando que a oferta da farmacêutica com doses do imunizante contra o coronavírus seria repassado ao Ministério da Saúde e à Casa Civil.

O ofício que acusa que o gabinete de Bolsonaro recebeu a proposta foi assinado por Aida Íris de Oliveira, diretora da Gestão Interna do Gabinete Pessoal da Presidência da República.

Acusamos o recebimento da correspondência s/nº de 12/9/2020, dirigida ao Senhor Presidente da República, informando que sua equipe do Brasil se reuniu com representantes dos Ministérios da Economia e da Saúde, bem como com a embaixada do Brasil nos Estados Unidos, e apresentou proposta para fornecer potencial vacina contra a Covid-19, que até o presente momento não obteve qualquer posicionamento sobre a referida proposta
Trecho do documento obtido por O Antagonista em resposta à Pfizer

A comunicação entre a Pfizer e o governo brasileiro reforça o que foi dito ao longo do depoimento do ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten à CPI da Covid.

Governo Bolsonaro deixou 53 e-mails sem resposta

O senador Randolfe Rodrigues havia declarado no final da última semana que, ao todo, a gestão de Bolsonaro ignorou 53 e-mails da Pfizer enviados com o intuito de obter um posicionamento do país sobre a compra de vacinas contra a covid-19.

A declaração foi feita nas redes sociais do parlamentar. Randolfe afirmou que os dados integram as investigações feitas pela Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado.

A CPI apura ações e omissões do governo federal e o uso das verbas repassadas aos governos estaduais e municipais destinados ao enfrentamento da pandemia.

Em depoimento ao colegiado da CPI da Covid, o presidente da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, disse que entregaria a sequência cronológica das tentativas de negociar vacinas contra a covid-19 com o Brasil.

Ao longo da oitiva, Murillo citou nove tentativas de contato que não foram respondidas pelo governo do presidente Jair Bolsonaro, impedindo o avanço das negociações para imunizar a população durante a pandemia.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.