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Indicado a embaixada, Crivella não pode deixar país por decisão da Justiça

Marcelo Crivella já é réu por corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa - Maurício Almeida/AM Press & Images/Estadão Conteúdo
Marcelo Crivella já é réu por corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa Imagem: Maurício Almeida/AM Press & Images/Estadão Conteúdo

Anaís Motta

Do UOL, em São Paulo

08/06/2021 21h41Atualizada em 08/06/2021 21h49

Indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para a embaixada do Brasil na África do Sul, o ex-prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos) está proibido de deixar o país. Isso porque ele teve seu passaporte apreendido em fevereiro, após decisão do ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), que revogou sua prisão domiciliar.

A escolha de Crivella para embaixador acontece em meio à pressão de líderes religiosos ligados à Igreja Universal do Reino de Deus (IURD). Há meses, eles enfrentam problemas no continente africano, especialmente em Angola, que tem denunciado pastores brasileiros sob suspeita de lavagem de dinheiro.

A indicação, porém, ainda depende de aprovação do Senado, independentemente de uma possível resposta positiva da África do Sul.

Crivella é acusado de ter comandado um suposto esquema de pagamentos a credores da prefeitura do Rio em troca de propina. Na denúncia apresentada à Justiça, o MP (Ministério Público) estadual apontou que o "QG da propina", como ficou conhecido, arrecadou mais de R$ 53 milhões em depósitos feitos de modo pulverizado para mais de 20 empresas de fachada, em nome de laranjas, criadas pelo grupo de Crivella.

As investigações começaram a partir da delação do doleiro Sérgio Mizrahy, que relatou como funcionava o "QG da propina". No suposto esquema, Rafael Alves, que não era nomeado mas despachava na prefeitura, aliciava empresas que queriam firmar contratos com o governo ou precisavam receber restos a pagar por serviços prestados. Para furar a fila, elas pagavam de 3% a 5% — em propina — sobre os valores.

O ex-prefeito chegou a ser preso em 22 de dezembro de 2020, após operação conjunta do MP-RJ e da Polícia Civil, mas passou apenas uma noite na cadeia. No mesmo dia, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) substituiu a prisão preventiva por domiciliar.

Mesmo que agora esteja livre da prisão — e, consequentemente, do uso de tornozeleira eletrônica —, Crivella não pode deixar o Brasil, nem manter contato com os demais investigados na ação. O ex-prefeito também deve comparecer periodicamente em juízo para informar e justificar atividades, segundo definido por Gilmar Mendes.

Neste processo, que corre na Justiça Eleitoral, Crivella já é réu por corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

(Com Estadão Conteúdo)