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Queiroga diz que decisão de não efetivar Luana Araújo em secretaria é dele

Thaís Augusto e Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em São Paulo e em Brasília*

08/06/2021 11h14Atualizada em 08/06/2021 11h53

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, negou hoje que o Palácio do Planalto tenha interferido na escolha da infectologista Luana Araújo para comandar secretaria extraordinária de enfrentamento à pandemia.

Em depoimento à CPI da Covid, o representante do governo federal assumiu a responsabilidade pela dispensa da profissional e, mesmo sem citá-lo nominalmente, isentou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

O posicionamento de Queiroga contradiz declarações de Luana à CPI. Na semana passada, ela afirmou que seu nome havia sido reprovado pela Casa Civil, pasta que integra a cúpula do Planalto. Segundo informações que circulam nos bastidores, o veto se deu porque a médica tem opiniões e convicções que vão no sentido contrário às de Bolsonaro, sobretudo em relação a temas como o uso de cloroquina/hidroxicloroquina e a validade ou não de medidas restritivas.

Luana foi escolhida pelo próprio ministro e chegou a exercer a função informalmente por dez dias. Passado esse período, a infectologista foi informada que o governo havia desistido da nomeação. Segundo Queiroga, a decisão foi dele porque a médica não se encaixaria em um determinado "perfil" que ele esperava contar.

"Eu entendi que, no momento, não seria o perfil mais adequado para ficar à frente da pasta", declarou.

"Eu entendi que, em face do perfil da doutora Luana, em despeito dela ser uma pessoa muito qualificada, não ia contribuir comigo para harmonizar questões que são discutidas aqui acerca de tratamento inicial."

O ministro também disse que deve escolher um nome que preencha o perfil até sexta-feira (11). "Alguém que tenha espírito público, qualificação técnica, que conheça o Ministério da Saúde e que seja capaz de me ajudar no combate à pandemia."

O desligamento de Luana em 22 de maio motivou sua convocação à CPI da Covid, onde ela se posicionou firmemente contra o uso da hidroxicloroquina no tratamento da covid-19 — e criticou colegas de profissão que a prescrevem —, explicou questões médicas com clareza e defendeu a ciência, ganhando elogios de senadores e do público que a acompanhou pela TV.

*Colaborou Ana Carla Bermúdez

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.