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Ministro Barroso autoriza condução coercitiva de Wizard à CPI da Covid

Gilvan Marques e Rafael Neves

Do UOL, em São Paulo e Brasília

18/06/2021 20h20

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso autorizou a condução coercitiva do empresário Carlos Wizard, considerado um dos principais apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), para prestar depoimento à CPI da Covid, no Senado.

O depoimento de Wizard à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), na condição de testemunha, estava marcado para ontem, mas ele não compareceu. O empresário é suspeito de integrar um gabinete paralelo de aconselhamento a Bolsonaro sobre as ações de enfrentamento da pandemia.

Diante disso, as providências determinadas pela Comissão Parlamentar de Inquérito, no sentido do comparecimento compulsório do paciente, estão em harmonia com a decisão por mim proferida. Naturalmente, se houver qualquer espécie de abuso na sua execução, poderá o impetrante voltar a peticionar. Mas, por ora, este não é o caso, Barroso, em trecho da decisão

O STF havia emitido um habeas corpus para que o empresário pudesse permanecer em silêncio durante o depoimento. Ainda assim, ele não compareceu.

O bilionário foi alvo de quebra de sigilos bancários, telemáticos e telefônicos pela Comissão. Os parlamentares também cogitam quebrar o sigilo das empresas de Wizard.

A pedido da comissão, a PF (Polícia Federal) tentou ontem executar a condução coercitiva do empresário Carlos Wizard para depor à CPI da Covid, segundo documentos obtidos pelo UOL. Segundo relatório do órgão, os agentes descobriram, então, que o bilionário fundador de uma rede de escolas de inglês foi para a Cidade do México, no México, em 30 de março e não retornou mais ao Brasil.

A defesa do empresário informou que Wizard passou pelo México para fazer a quarentena obrigatória antes de entrar nos Estados Unidos, devido à pandemia do novo coronavírus, e atualmente se encontra nos EUA.

Wizard informou à CPI que está fora do país e que, por isso, pediu para ser ouvido virtualmente, o que foi negado pelo colegiado. O presidente da comissão, Omar Aziz (PSD), então, determinou a condução coercitiva do empresário.

No relatório sobre a ação, a PF informa que ninguém atendeu no endereço de Wizard, em Campinas, no interior de São Paulo. Os agentes verificaram que a última movimentação dele foi a saída do Brasil, no dia 30 de março deste ano, às 8h33, pelo Aeroporto Internacional de Guarulhos em um voo com destino à Cidade do México.

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Passaporte retido

A Justiça Federal em São Paulo já havia determinado, mais cedo, a apreensão do passaporte de Carlos Wizard. A ordem para reter o documento ocorreu após o empresário não prestar esclarecimentos sobre a sua ausência do seu depoimento como testemunha à CPI da Covid.

O empresário é investigado pela comissão parlamentar de inquérito por suspeita de integrar um gabinete paralelo que priorizou medidas não científicas no combate à pandemia, em dissonância com a OMS (Organização Mundial da Saúde), e desprezou a priorização de compra de vacinas.