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Renan chama Bolsonaro de 'maluco' e diz que presidente agiu como 'selvagem'

Senador Renan Calheiros na CPI da Covid - Jefferson Rudy/Agência Senado
Senador Renan Calheiros na CPI da Covid Imagem: Jefferson Rudy/Agência Senado

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

21/06/2021 13h52

Relator da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) classificou como um desprezo "selvagem" do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) as ações de combate à pandemia e o chamou de "maluco", ao ser questionado hoje se a CPI poderia resultar na saída de Bolsonaro do poder.

"Ele queria que o vírus trafegasse livremente pelo Brasil, porque, em caminhando livremente, aglomerando, sem utilização máscara, sem os cuidados não farmacológicos, a população iria ser tomada pelo vírus. Assim haveria uma elevação desse contágio, e quando chegasse a 70%, a 75% da população, haveria uma imunização natural. Isso é um atraso, uma coisa selvagem, da Idade Média. É inadmissível que nós tenhamos um maluco dessa ordem a submeter o país a esse sofrimento", disse.

A fala do senador foi dada em entrevista coletiva na cidade de Delmiro Gouveia, no sertão alagoano, onde Calheiros participou, ao lado do governador Renan Filho (MDB) e de políticos locais, da inauguração de um hospital. "É por isso que estamos em Brasília envidando todos os esforços para darmos as respostas que a sociedade brasileira está cobrando", completou.

O relator da CPI voltou a dizer que Bolsonaro "se tornou um aliado do vírus" ao negar a compra de vacinas no ano passado.

"Por que o Brasil não aceitou ser o primeiro a vacinar, comprando as doses do Butantan? Por que há 3 dias ele continuou falando contra a vacinação do povo? Ele não teve uma só palavra de lamento quando completamos a marca de 500 mil mortos. Por quê? Porque ele não acredita nas vacinas e entende que a imunização tem de ser natural. E como teríamos isso? Pelo vírus", alegou, lembrando das propostas da Pfizer para entregar vacinas ao país e que foram ignoradas pelo presidente.

Outro ponto questionado pelo senador durante a entrevista foi a demora do governo federal em restabelecer o auxílio emergencial, que teve primeiro ciclo encerrado em dezembro de 2020 e retornou em nova versão em abril, com valor médio de R$ 250.

"Uma das coisas que causou muitas mortes em Alagoas, no Nordeste e no Brasil foi a paralisação do auxílio emergencial. Demorou meses para voltar, e quando voltou veio com valor insuficiente, e em um momento de inflação, de carestia, e não atende à necessidade da nossa população", disse, citando que, apesar de "torcer" pela melhora econômica, acredita que a maioria dos brasileiros não deve sentir esse crescimento na prática.

"Torço para que a economia se recupere. Mas no ano que passou ela teve um baixo desempenho, e poderá crescer este ano porque chegou ao fundo do poço. Mas a percepção das pessoas não vai melhorar porque a melhora não vai gerar emprego, não vai gerar carteira assinada e não vai, principalmente, elevar o poder de compra do salário, como elevamos no passado", explicou.

Ainda durante a fala, o senador ainda lembrou do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao citar da "satisfação" em estar na inauguração do hospital nesta manhã.

"Estou aqui inaugurando esse hospital com a mesma felicidade que inaugurei o Canal da Sertão, que inaugurei o rebaixamento da energia gerada em [hidrelétrica de] Xingó, e que inauguramos, com apoio do presidente Lula, a Universidade Federal, e outras obras que atendem à população de Delmiro Gouveia e e alto sertão de Alagoas", disse.