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Oposição repercute suspensão do contrato da Covaxin: 'Confissão de culpa'

Deputado Alessandro Molon (PSB-RJ): "A suspensão é uma confissão de culpa. Se não havia nada errado, por que cancelá-lo?" - Luís Macedo/Câmara dos Deputados
Deputado Alessandro Molon (PSB-RJ): "A suspensão é uma confissão de culpa. Se não havia nada errado, por que cancelá-lo?" Imagem: Luís Macedo/Câmara dos Deputados

Do UOL, em São Paulo

29/06/2021 18h25Atualizada em 29/06/2021 19h25

Políticos da oposição repercutiram hoje o anúncio do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, sobre a suspensão da compra da vacina Covaxin, desenvolvida pela farmacêutica Bharat Biotech, cujo contrato é alvo de suspeitas de irregularidades. Alguns viram o movimento do governo como uma "confissão", apesar de membros do Executivo, incluindo o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), negarem as acusações de corrupção.

"A suspensão do contrato com a Covaxin pelo Ministério da Saúde é uma confissão de culpa. Se não havia nada errado, por que cancelá-lo? E por que fazê-lo só agora, se o presidente sabia das suspeitas há meses? As denúncias são gravíssimas e o governo Bolsonaro deve explicações ao povo", postou o deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ), líder da oposição na Câmara.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI da Covid, seguiu na mesma linha de Molon para fazer sua crítica. "Se não tinha nada de errado, por que irão suspender? Isso só tem um nome! Confissão!", escreveu. Ontem, ele já havia feito avaliação semelhante em relação às declarações de Bolsonaro sobre "não ter como saber o que acontece nos ministérios".

A suspensão do contrato para aquisição de 20 milhões de doses foi decidida pelo Ministério da Saúde junto à CGU (Controladoria-Geral da União), que deve analisar o caso "em não mais de dez dias", segundo anunciou o ministro Wagner Rosário. A medida, acrescentou, é "simplesmente preventiva".

O cancelamento do contrato acontece um dia depois de Bolsonaro ser alvo de uma notícia-crime enviada por três senadores ao STF (Supremo Tribunal Federal), que o acusam de prevaricação, crime cometido por funcionário público ao retardar ou deixar de praticar um ato de ofício — neste caso, a compra de vacinas contra a covid-19 — visando satisfazer interesse pessoal.

Confira outras reações ao anúncio de Queiroga sobre a Covaxin:

Humberto Costa (PT-PE), senador e membro da CPI da Covid

Entendo que essa decisão é de, certa forma, o reconhecimento da culpa. Esse contrato tramitou durante muito tempo no Ministério da Saúde, houve esse episódio da mais alta gravidade que aconteceu em março. Portanto, são quase cinco meses, quatro meses, desde que houve a denúncia feita pelo deputado Luis Miranda [DEM-DF] e seu irmão [Luis Ricardo Miranda], e só agora o governo vem fazer a avaliação que leva à conclusão de que o contrato tem irregularidades insanáveis. Se vai suspender, é porque não tem como sanar.
Em entrevista à CNN Brasil

Marina Silva (Rede), ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente

"Contrato da Covaxin suspendido! Se não fosse a CPI, nossa saúde e nossos recursos públicos estariam agora envoltos em uma compra de vacinas muito mal explicada. Até agora, o único punido foi o servidor que impediu o gasto ilegal de quase R$ 450 milhões. #ExplicaBolsonaro"

Joice Hasselmann (PSL-SP), deputada federal

"Governo Bolsonaro recua após o escândalo e suspende a compra da Covaxin. Mais um contrato suspeitíssimo do governo federal deu errado. O esquema de compra de vacinas é o novo 'petrolão'."

Bohn Gass (PT-RS), deputado federal e líder do PT na Câmara

"Ué, mas se os problemas na documentação de compra da vacina Covaxin eram apenas 'erros formais', como disse o senador governista Marcos Rogério [DEM-RO], por que é que o Ministério da Saúde suspendeu o negócio?"

Ivan Valente (PSOL-SP), deputado federal

"Ministério da Saúde suspende compra da Covaxin. Depois do rolo com o invoice, o governo passa recibo de que havia algo errado. Tem vacina que não transforma em jacaré mas rende muito lobo-guará."

MBL (Movimento Brasil Livre)

"Governo suspendeu o contrato com a Covaxin agora que o escândalo veio à tona, não quando foi alertado há três meses de possíveis irregularidades. Só isso diz muita coisa."

Kim Kataguiri (DEM-SP), deputado federal

"O ministro da Saúde acabou de anunciar a suspensão do contrato da Covaxin. Aí fica a pergunta: e a história de que não tinha nada errado e que não tinham comprado nada? Admitem então que firmaram um contrato com irregularidades? Mais uma prova das desculpinhas do Bolsonaro."

Luiza Erundina (PSOL-SP), deputada federal

"Governo Bolsonaro suspendeu o contrato de compra da vacina Covaxin. Sentiu."