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'Exoneração de servidor aponta para existência de esquema', diz senador

Do UOL, em São Paulo

30/06/2021 08h22Atualizada em 30/06/2021 09h13

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), membro da CPI da Covid, disse hoje, em entrevista ao UOL News, que a exoneração de Roberto Ferreira Dias, diretor de Logística do Ministério da Saúde, "aponta para existência de um esquema de corrupção", embora ressalte que o caso ainda precise de apuração.

Roberto Dias é suspeito de pedir propina de US$ 1 por cada dose de vacina contra a covid-19 na negociação para compras de vacina AstraZeneca. Dias foi nomeado na gestão do então ministro Luiz Henrique Mandetta. Seu nome foi uma indicação do deputado federal e atual líder do governo no Congresso, Ricardo Barros (PP-PR). Barros, porém, nega que tenha interferido na nomeação.

O servidor foi acusado por Paulo Dominguetti Pereira, representante da Davati Medical Supply, empresa que tentou negociar com o governo de Jair Bolsonaro a venda de 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca, de pedir propina de US$ 1 por cada dose adquirida. A denúncia foi feita em entrevista à Folha de S.Paulo.

Apresentamos pedidos de convocação tanto do (deputado) Luís Miranda para sessão secreta da CPI para que ele possa explicar essa nova denúncia que fez na revista Crusoé e do empresário Dominguetti, que teria recebido essa proposta de pagamento de propina de US$ 1 por dose para que pudesse fazer a venda daquilo que oferecia ao Ministério da Saúde. São fatos muito graves que precisam ser bem apurados, a gente sabe do momento turbulento da política, mas tudo aponta e a própria exoneração do servidor logo em seguida aponta para existência de um esquema de corrupção que seguramente, além de prejuízos para os cofres públicos, atrapalhou muito o combate à pandemia Alessandro Vieira

Ontem o caso das negociações da vacina indiana Covaxin ganhou mais um personagem. Segundo reportagem da revista Crusoé, o lobista Silvio Assis, figura conhecida pela classe política em Brasília, teria oferecido propina para que o deputado Luís Miranda (DEM-DF), que denunciou as supostas irregularidades na compra do imunizante, não atrapalhasse o negócio.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.