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'Tentativa de ocultação de cadáver', diz Renan sobre suspensão da Covaxin

Renan Calheiros indicou que a suspensão não vai mudar o rumo das investigações sobre possíveis irregularidades na compra da Covaxin - Jefferson Rudy/Agência Senado
Renan Calheiros indicou que a suspensão não vai mudar o rumo das investigações sobre possíveis irregularidades na compra da Covaxin Imagem: Jefferson Rudy/Agência Senado

Do UOL, em São Paulo

30/06/2021 07h43

O relator da CPI da Covid, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), disse que a suspensão de contrato para a compra da vacina da Covaxin, anunciada ontem pelo Ministério da Saúde, é uma 'tentativa de ocultação de cadáver'.

Em mensagem no Twitter, Renan indicou que a suspensão não vai mudar o rumo das investigações sobre possíveis irregularidades na compra da vacina indiana contra a covid-19.

"O governo fez como aquele assassino que incinera o corpo. O crime não desaparece. O cancelamento do contrato da Covaxin é tentativa de ocultação de cadáver", escreveu Renan.

A suspensão do contrato com a Precisa Medicamentos, representante no Brasil do laboratório indiano Bharat Biotech, para compra de 20 milhões de doses da vacina Covaxin, foi anunciada ontem pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.

A decisão ocorre um dia após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ser alvo de uma notícia-crime ao STF (Supremo Tribunal Federal), sob acusação de prevaricação.

Na semana retrasada, o jornal Folha de S.Paulo divulgou o depoimento sigiloso de Luís Ricardo Miranda, chefe da divisão de importação do Ministério da Saúde ao Ministério Público Federal em Brasília. Segundo o servidor, que é irmão do deputado federal Luís Miranda (DEM-DF), ele recebeu uma "pressão atípica" para agilizar a liberação da Covaxin.

O Brasil aceitou pagar o valor de US$ 15 a dose pelo imunizante, bem acima do valor das demais vacinas contra a covid-19 adquiridas pelo país, segundo apuração do UOL. As vacinas da Janssen e parte das vacinas da Pfizer, por exemplo, custaram US$ 10 a dose. Já a Coronavac, vendida pelo Instituto Butantan, custou menos de US$ 6 a dose. O acordo foi assinado em 25 de fevereiro e prevê pagar, ao todo, R$ 1,6 bilhão.

O Ministério da Saúde ressalta que, pelo menos por enquanto, trata-se apenas da suspensão (e não da rescisão) do contrato.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.