Topo

Esse conteúdo é antigo

Bolsonaro: se não aprovar voto auditável, nosso lado pode não aceitar

Presidente da República Jair Bolsonaro criticou STF - Isac Nóbrega/PR
Presidente da República Jair Bolsonaro criticou STF Imagem: Isac Nóbrega/PR

Colaboração para o UOL

07/07/2021 15h04

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou hoje que se o Congresso não aprovar o voto auditável nas eleições de 2022 haverá "problemas" para os parlamentares.

"Se esse mesmo (sistema) continuar, sem a contagem pública, eles vão ter problema porque algum lado pode não aceitar o resultado. Esse algum lado, obviamente, é o nosso lado. Nós queremos transparência", disse o presidente em entrevista a rádio Guaíba, com sede em Porto Alegre.

O político defendeu o voto impresso e criticou por diversas vezes o STF (Supremo Tribunal Federal), especialmente o ministro Luís Roberto Barroso. Para Bolsonaro, há uma "interferência absurda" por parte de alguns ministros.

"A democracia está ameaçada por alguns de toga que perderam a noção de seus deveres e de seus direitos. Quando você vê o ministro Barroso ir ao parlamento brasileiro negociar com lideranças partidárias para que o voto impresso - ou auditável - não fosse votado não fosse votado na comissão especial, que que ele quer com isso, no meu entender? Vai ser comprovado nos próximos dias: fraude nas eleições", salientou.

Barroso preside o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e já afastou, por diversas vezes, a possibilidade de adoção do voto impresso nas eleições gerais de 2022, o que leva Bolsonaro a tecer críticas e ataques direcionadas a ele. Desta vez, o presidente da República afirmou que o magistrado articula para que a mudança não seja aprovada.

Há cerca de 20 dias, Bolsonaro chegou a dizer que o Brasil teria "convulsão social" sem voto impresso e afirmou que Barroso é "péssimo exemplo" para todos, por conta de suas decisões no Supremo.

Bolsonaro afirmou que tratou ontem com o relator da proposta na Câmara, o deputado Filipe Barros (PSL-PR), e o presidente da comissão especial, o deputado Paulo Eduardo Martins (PSC-PR), e disse que está "tudo conversado".

Na última quinta-feira (1), o presidente voltou a chamar o sistema eleitoral brasileiro de "fraudável". No entanto, o histórico de votações desde a adoção da urna eletrônica —usada parcialmente em 1996 e 1998, e integralmente a partir de 2000— aponta que as eleições brasileiras são confiáveis.

Na segunda-feira (5), Barroso voltou a argumentar contra a implementação do voto impresso. O presidente do TSE apresentou como argumento contra o sistema a logística envolvendo o transporte dos votos "no País do roubo de carga", além da dificuldade de implementação da modalidade. Citou também o risco de judicialização devido a possíveis divergências em uma recontagem. Para Barroso, o voto impresso não é mecanismo a mais de auditoria, "ele é um risco para o processo eleitoral".

"Qual a razão pela qual o TSE tem se empenhado contrariamente ao voto impresso? É que nós vamos ter que transportar 150 milhões de votos no País do roubo de carga, da milícia, do Comando Vermelho, do PCC, do Amigos do Norte, já há aí um primeiro problema", argumentou.

"Fraude", diz Bolsonaro sobre eleições de 2014

Na entrevista de hoje, Bolsonaro afirmou ainda que houve fraude nas eleições presidenciais em 2014, sem apresentar provas. Na época, Dilma Rousseff (PT) foi reeleita e Aécio Neves (PSDB) foi derrotado.

"Nosso levantamento, feito por gente que entende do assunto, garante que sim. Não sou técnico de informática, mas foi comprovado fraude em 2014", disse Bolsonaro.

Bolsonaro tem feito a defesa da adoção do voto eletrônico com impressão de cédulas, apesar de nunca ter havido qualquer tipo de fraude comprovada nas urnas eletrônicas em mais de 20 anos de uso no país.

Desde a adoção das urnas eletrônicas no Brasil, em 1996, nunca houve nenhuma comprovação de fraude nas eleições. Essa constatação foi feita não apenas por auditorias realizadas pelo TSE, mas também por investigações do MPE (Ministério Público Eleitoral) e por estudos matemáticos e estatísticos independentes.

Além disso, as urnas eletrônicas são auditáveis e este procedimento é feito durante a votação. O processo é chamado Auditoria de Funcionamento das Urnas Eletrônicas (ou "votação paralela"). Na véspera da votação, juízes eleitorais de cada TRE (Tribunal Regional Eleitoral) fazem sorteios de urnas já instaladas nos locais de votação para serem retiradas e participarem da auditoria.